São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Para Tarso, debate sobre a ética já cansou eleitorado

Ministro sinaliza que PT vai explorar na campanha os ataques do PCC em São Paulo, para desgastar Alckmin

Para petista, divulgação de fotos do dinheiro que seria usado na compra do dossiê foi determinante para levar eleição ao segundo turno

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) afirmou ontem que o eleitorado está "exaurido" do debate ético e sinalizou que o PT deve explorar, a partir de agora, os ataques feitos pelo PCC em São Paulo para desgastar o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, e tentar mudar o foco do debate.
"A complacência do Estado com uma organização criminosa é uma questão de ética pública e é mais grave do que a questão do dinheiro [para comprar dossiê contra tucanos] ou da mesma gravidade", disse ele, antes de participar de um evento da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro considerou uma falha da campanha à reeleição não ter explorado no primeiro turno a onda de violência em São Paulo. "O partido ficou muito encolhido, até por remorso, porque pessoas importantes [do PT] cometeram erros", disse Genro.
Ele defendeu que Alckmin seja cobrado a respeito do fortalecimento do PCC em São Paulo toda vez que o PSDB questionar o presidente Lula a respeito de escândalos de corrupção. "O eleitor já está exaurido do debate sobre ética. Perdemos no primeiro turno esse debate porque o PT estava com sentimento de culpa pelo envolvimento de seus integrantes [em escândalos] e não reagiu à altura", disse o ministro.
Para ele, o fator determinante para levar a eleição para o segundo turno foi o vazamento, dias antes da eleição, da foto de R$ 1,7 milhão apreendido com dois integrantes do PT, dinheiro que seria utilizado para comprar um dossiê contra tucanos.
Ao comparar a exibição dessa imagem ao seqüestro de Abílio Diniz, ele afirmou que houve uma tentativa de parte da mídia de criminalizar o PT. "Foi uma tentativa de criar, por parte da mídia, uma relação simbólica do presidente Lula com o dinheiro. Por mais que tu explique, no imaginário da população aquilo é um dinheiro que o PT, o governo, o Lula pegou."
Em 1989 os seqüestradores de Abílio Diniz foram vinculados ao PT no dia da votação do segundo turno entre Lula e Fernando Collor de Mello. Na ocasião, a polícia foi acusada de vestir e fotografar os presos com camisetas do PT, mas a investigação foi arquivada, por falta de provas.


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