Previsão de presidente contrasta com avaliações pessimistas de seus assessores

Petista retorna da África amanhã direto para São Paulo, onde ficará até terça, reforçando campanha da candidata do PT à prefeitura

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLI

Em contraste com avaliações pessimistas de membros de sua comitiva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem na Índia não ter dúvidas de que a candidata do PT à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, vencerá o segundo turno.
"Podem escrever: a Marta vai ganhar", disse a jornalistas brasileiros em Nova Déli, durante a terceira reunião de cúpula entre Índia, Brasil e África do Sul.
Questionado sobre a ampla vantagem de Gilberto Kassab (DEM) sobre a ex-ministra nas pesquisas, Lula mostrou confiança de que ela pode ser revertida. "Pelo amor de Deus, o segundo turno começou ontem", disse Lula. "A Marta vai ganhar a eleição com os votos do povo de São Paulo."
O otimismo manifestado publicamente pelo presidente é bem menor entre alguns de seus assessores mais próximos. Um deles, do primeiro escalão do governo, disse que Marta só ganhará a eleição se acontecer um "milagre". Para ele, que pediu para não ser identificado, a ex-ministra "não tem de onde tirar votos", depois que o candidato derrotado do PSDB, Geraldo Alckmin, manifestou seu apoio a Kassab.
Em conversa com jornalistas na noite de terça, logo após o desembarque da comitiva presidencial na capital indiana, o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, também havia demonstrado ceticismo sobre as chances de Marta, admitindo que sua situação "é complicada".
"Claro que é complicado, mas acho que é reversível", disse Marco Aurélio, que preferiu não comentar as referências feitas pela campanha de Marta à vida pessoal de Kassab, afirmando que não havia visto a propaganda da TV. Mas disse discordar em princípio. "Eu sempre critiquei os que fizeram isso com ela", afirmou Marco Aurélio, dizendo que ela sempre enfrentou muita resistência de setores conservadores.
Lula chega hoje a Moçambique para a última etapa de sua viagem internacional, que, além da Índia, incluiu a Espanha. Da África, ele deve ir direto para São Paulo para reforçar a campanha de Marta. Ficará na cidade na segunda e na terça-feira, mesclando agenda presidencial com a campanha na capital e no ABC paulista.