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Lula autoriza articulação para reeleger Renan e Aldo
Petista sinaliza preferir manter em seus cargos os atuais presidentes do Senado e da Câmara
Em conversas reservadas, petista indica que novos ministros devem ser anunciados em dezembro, depois de viagem à Nigéria
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou seus aliados políticos a articularem a recondução de Renan Calheiros
(PMDB-AL) e de Aldo Rebelo
(PC do B-SP) para as presidências do Senado e da Câmara,
respectivamente.
A Folha apurou que, quando
consultado sobre o assunto, o
presidente responde que deseja Renan e Aldo nas mesmas
cadeiras no ano que vem.
Lula não falará sobre esse tema em público, pois sabe que
seria acusado de interferir na
decisão de um outro Poder. Em
conversas reservadas, entretanto, o presidente tem sido
explícito a respeito de sua preferência. Considera necessário
evitar o que acha ter sido "um
erro" em janeiro e fevereiro de
2005, quando o PT articulou de
maneira desastrada a candidatura do deputado Luiz Eduardo
Greenhalgh para presidir a Câmara. Severino Cavalcanti (PP-PE) acabou eleito com 300 votos contra apenas 195 do petista Greenhalgh.
Em abril de 2005, Lula chegou a comentar a eleição de Severino: "Possivelmente tenha
sido um erro do governo não
ter tido uma participação
maior na sucessão na Câmara".
O presidente estava certo no
diagnóstico. O PT e a base aliada se desorganizaram. A condução dos trabalhos no Congresso ficou à deriva. Em junho
de 2005 eclodiu com força o caso do mensalão. Por outras razões, Severino renunciou ao
cargo. Aldo Rebelo foi eleito
para um mandato tampão
-com forte apoio do Planalto.
Para evitar a repetição do cenário de 2005, o presidente
deixa claro para seus interlocutores que o Congresso estará
melhor se os presidentes do Senado e da Câmara ficarem nos
seus postos. O sinal verde de
Lula libera vários partidos para
trabalharem as suas chapas para os outros cargos de direção
congressual.
É que, além de seus presidentes, os deputados e os senadores elegem as Mesas Diretoras. São seis cargos em cada Casa, muito desejados dentro da
estrutura interna. Com a liberação de Lula, os partidos já começam a fazer os conchavos
para ter apoios cruzados.
Apóiam as reeleições de Renan e Aldo o PMDB, o PC do B
e o PSB. Outros partidos da base governista devem ser incorporados, como PR (ex-PL),
PTB e PP. Uma ala do PT pretende que a sigla tenha candidato próprio na Câmara. O nome petista é o de Arlindo Chinaglia (SP), hoje líder do governo na Câmara, cujas chances só
crescem se for ungido por Lula.
Ocorre que uma ala grande
de petistas deseja que Chinaglia se lance para, como se diz
na política, fazer a fila andar.
Ganhando ou perdendo, Chinaglia abriria espaço para outros petistas passarem a postular cargos. O atual líder do PT
na Câmara, Henrique Fontana
(RS), por exemplo, tem intenção de ocupar o cargo de líder
do governo -e precisa que Chinaglia desocupe a cadeira.
Ministros
Os mesmos interlocutores
que ouvem de Lula a preferência sobre Renan e Aldo também
saem com a impressão de que a
reforma ministerial se estenderá até dezembro.
O presidente evita ao máximo declinar nomes que já estariam confirmados para o segundo mandato. Diz que os nomes começarão a ser divulgados apenas após o seu retorno
da Nigéria, país africano que
deve visitar em 29 e 30 deste
mês. Sua volta está prevista para o dia 1º ou 2 de dezembro.
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