São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

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Lula autoriza articulação para reeleger Renan e Aldo

Petista sinaliza preferir manter em seus cargos os atuais presidentes do Senado e da Câmara

Em conversas reservadas, petista indica que novos ministros devem ser anunciados em dezembro, depois de viagem à Nigéria


FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou seus aliados políticos a articularem a recondução de Renan Calheiros (PMDB-AL) e de Aldo Rebelo (PC do B-SP) para as presidências do Senado e da Câmara, respectivamente.
A Folha apurou que, quando consultado sobre o assunto, o presidente responde que deseja Renan e Aldo nas mesmas cadeiras no ano que vem.
Lula não falará sobre esse tema em público, pois sabe que seria acusado de interferir na decisão de um outro Poder. Em conversas reservadas, entretanto, o presidente tem sido explícito a respeito de sua preferência. Considera necessário evitar o que acha ter sido "um erro" em janeiro e fevereiro de 2005, quando o PT articulou de maneira desastrada a candidatura do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh para presidir a Câmara. Severino Cavalcanti (PP-PE) acabou eleito com 300 votos contra apenas 195 do petista Greenhalgh.
Em abril de 2005, Lula chegou a comentar a eleição de Severino: "Possivelmente tenha sido um erro do governo não ter tido uma participação maior na sucessão na Câmara". O presidente estava certo no diagnóstico. O PT e a base aliada se desorganizaram. A condução dos trabalhos no Congresso ficou à deriva. Em junho de 2005 eclodiu com força o caso do mensalão. Por outras razões, Severino renunciou ao cargo. Aldo Rebelo foi eleito para um mandato tampão -com forte apoio do Planalto.
Para evitar a repetição do cenário de 2005, o presidente deixa claro para seus interlocutores que o Congresso estará melhor se os presidentes do Senado e da Câmara ficarem nos seus postos. O sinal verde de Lula libera vários partidos para trabalharem as suas chapas para os outros cargos de direção congressual.
É que, além de seus presidentes, os deputados e os senadores elegem as Mesas Diretoras. São seis cargos em cada Casa, muito desejados dentro da estrutura interna. Com a liberação de Lula, os partidos já começam a fazer os conchavos para ter apoios cruzados.
Apóiam as reeleições de Renan e Aldo o PMDB, o PC do B e o PSB. Outros partidos da base governista devem ser incorporados, como PR (ex-PL), PTB e PP. Uma ala do PT pretende que a sigla tenha candidato próprio na Câmara. O nome petista é o de Arlindo Chinaglia (SP), hoje líder do governo na Câmara, cujas chances só crescem se for ungido por Lula.
Ocorre que uma ala grande de petistas deseja que Chinaglia se lance para, como se diz na política, fazer a fila andar. Ganhando ou perdendo, Chinaglia abriria espaço para outros petistas passarem a postular cargos. O atual líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), por exemplo, tem intenção de ocupar o cargo de líder do governo -e precisa que Chinaglia desocupe a cadeira.

Ministros
Os mesmos interlocutores que ouvem de Lula a preferência sobre Renan e Aldo também saem com a impressão de que a reforma ministerial se estenderá até dezembro.
O presidente evita ao máximo declinar nomes que já estariam confirmados para o segundo mandato. Diz que os nomes começarão a ser divulgados apenas após o seu retorno da Nigéria, país africano que deve visitar em 29 e 30 deste mês. Sua volta está prevista para o dia 1º ou 2 de dezembro.


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