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análise
Severino marcou início da crise política de Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O inferno astral político de
Luiz Inácio Lula da Silva começou na manhã de 15 de fevereiro de 2005. Às 6h40 daquela terça-feira, acabava a
contagem dos votos e Severino Cavalcanti (PP-PE) foi
proclamado presidente da
Câmara. Saiu derrotado o petista Luiz Eduardo Greenhalgh. O governo nunca
mais foi o mesmo no Congresso. Desarticulado, permitiu a instalação de CPIs,
inclusive a do mensalão.
O regime das Casas do
Congresso é presidencialista. Os comandos da Câmara e
do Senado são vitais para o
Palácio do Planalto.
Durante os dois governos
de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a Câmara
foi tocada com mão de ferro
por fernandistas como Inocêncio Oliveira (PFL-PE),
Luís Eduardo Magalhães
(PFL-BA), Michel Temer
(PMDB-SP) e Aécio Neves
(PSDB-MG). Era rotineiro
enterrar CPIs como a das
privatizações e a da compra
de votos da reeleição.
Lula desprezou esse histórico de seu antecessor. Tratou com desdém a eleição
dos presidentes da Câmara e
do Senado.
Na Câmara, nos dois primeiros anos de Lula, o presidente foi João Paulo Cunha
(PT-SP). Petista, ajudava o
Planalto. Queria ser reeleito,
mas tinha de alterar a Constituição (a recondução só é
permitida quando há troca
de legislatura).
Lula sinalizou a João Paulo que o apoiaria. O deputado
tentou articular. Ficou sozinho, pois Lula se desinteressou. O PT se desarticulou.
Greenhalgh perdeu para Severino. O resto é uma história de quase dois anos de crise política.
Para evitar a repetição desse cenário, Lula parece agora
determinado a se esforçar
para garantir as eleições de
Renan e de Aldo.
O problema do presidente
é subjugar o PT, deixando-o
como coadjuvante. Há um
foco claro de insatisfação no
petismo. O poder de convencimento de Lula será fundamental para evitar uma nova
crise congressual.
(FERNANDO RODRIGUES)
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