São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

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análise

Severino marcou início da crise política de Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O inferno astral político de Luiz Inácio Lula da Silva começou na manhã de 15 de fevereiro de 2005. Às 6h40 daquela terça-feira, acabava a contagem dos votos e Severino Cavalcanti (PP-PE) foi proclamado presidente da Câmara. Saiu derrotado o petista Luiz Eduardo Greenhalgh. O governo nunca mais foi o mesmo no Congresso. Desarticulado, permitiu a instalação de CPIs, inclusive a do mensalão.
O regime das Casas do Congresso é presidencialista. Os comandos da Câmara e do Senado são vitais para o Palácio do Planalto.
Durante os dois governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a Câmara foi tocada com mão de ferro por fernandistas como Inocêncio Oliveira (PFL-PE), Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), Michel Temer (PMDB-SP) e Aécio Neves (PSDB-MG). Era rotineiro enterrar CPIs como a das privatizações e a da compra de votos da reeleição.
Lula desprezou esse histórico de seu antecessor. Tratou com desdém a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado.
Na Câmara, nos dois primeiros anos de Lula, o presidente foi João Paulo Cunha (PT-SP). Petista, ajudava o Planalto. Queria ser reeleito, mas tinha de alterar a Constituição (a recondução só é permitida quando há troca de legislatura).
Lula sinalizou a João Paulo que o apoiaria. O deputado tentou articular. Ficou sozinho, pois Lula se desinteressou. O PT se desarticulou. Greenhalgh perdeu para Severino. O resto é uma história de quase dois anos de crise política.
Para evitar a repetição desse cenário, Lula parece agora determinado a se esforçar para garantir as eleições de Renan e de Aldo.
O problema do presidente é subjugar o PT, deixando-o como coadjuvante. Há um foco claro de insatisfação no petismo. O poder de convencimento de Lula será fundamental para evitar uma nova crise congressual.
(FERNANDO RODRIGUES)


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