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Grupo de Marta busca isolar Mercadante e comandar PT de SP
Ex-prefeita saiu fortalecida do segundo turno, quando foi chamada para coordenar a campanha de Lula no Estado
Senador petista aponta escândalo do dossiegate como causa de sua derrota para o tucano José Serra ainda no primeiro turno
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT paulista já iniciou um
processo interno de avaliação
pós-eleitoral e os alvos centrais
do ataque são a atual direção
estadual e o senador Aloizio
Mercadante, derrotado para o
governo do Estado. As discussões ainda são discretas, mas
refletem o claro interesse do
grupo político ligado à ex-prefeita Marta Suplicy em obter o
comando da legenda no Estado.
Na segunda-feira, a Executiva Estadual do PT abriu oficialmente a temporada de "balanço eleitoral". Os dirigentes petistas negam que esteja na ordem do dia a troca do comando
no Estado, hoje controlado por
Paulo Frateschi -que também
foi o coordenador-geral da
campanha de Mercadante. Por
trás das discussões está a sombra do dossiê, que envolveu Hamilton Lacerda, então coordenador de comunicação da campanha do senador petista.
De fato, a troca de comandos
no PT de São Paulo e do resto
do país só ocorrerá depois que o
partido realizar, em 2007, seu
congresso nacional. "Vamos fazer uma avaliação profunda e
tranqüila. Abriu-se um debate
interno profundo", avisou Jair
Tatto, vice-presidente do PT e
coordenador do Grupo de Trabalhou Eleitoral (GTE).
O trunfo do grupo ligado a
Marta Suplicy é o resultado do
segundo turno no Estado,
quando a ex-prefeita foi chamada às pressas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a assumir o comando da campanha. Lula teve 2 milhões de votos a mais, sob a batuta de Marta. "Ela cumpriu muito bem sua
função", definiu Tatto.
O debate já extrapolou as
fronteiras da direção partidária
e chegou aos parlamentares.
Artigos bastante críticos circulam entre militantes petistas. O
deputado Vanderlei Siraque
(PT-SP), por exemplo, considera que a disputa em São Paulo
foi um "fracasso". "Erramos em
tudo", simplifica.
Siraque evita jogar toda a culpa no caso dossiê. "Foi mais do
que isso. Já estava ruim. Não
aglutinamos forças do partido.
Não mostramos nossos projetos. Não atingimos o povo. Não
entusiasmamos", explica. "O
erro de Alckmin em relação ao
Lula se repetiu com Mercadante em relação ao Serra."
Aliado da ex-prefeita, o deputado Cândido Vacarezza concorda: "O resultado do primeiro e do segundo turnos em São
Paulo foi diferente e isso tem
um porquê. Claro que houve erros de condução. Mostra que
tem debilidade na direção".
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) evita comentar o
que classifica de "rede de intrigas" no PT. Afirma que não sente nenhum desgaste político
"na militância, na base social do
partido". A luta política, define
o senador, "é própria do processo partidário, é recorrente,
cíclica". "Tivemos a melhor votação do PT em termos absolutos [32% dos votos válidos] em
São Paulo. Foi a melhor campanha que o PT já teve", disse ele.
Mercadante afirma que só
não disputou o segundo turno
com José Serra por conta do
dossiegate. O único "problema"
apontado por ele no processo
eleitoral foi o impacto da prévia
com Marta Suplicy. "Muitas vezes não se consegue unificar o
partido [pós-prévia]. Sempre
fica alguma ferida. Temos que
avaliar esse processo no PT."
O senador descarta qualquer
estremecimento na relação
com Lula. Sustenta que, sobre
o episódio dossiê, caberá à Polícia Federal esclarecer a origem
do dinheiro. "Para mim esse esclarecimento é fundamental."
Até a decisão de Mercadante
de dedicar-se ao debate econômico recebeu críticas internas.
Angélica Fernandes, secretária
de formação política, assina artigo em que critica o senador
por defender um "giro ortodoxo" na economia, diferentemente de toda a militância.
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