|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para tribunal, governo "superestima" seu poder
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Acusado pelo governo de ser
o principal entrave ao bom andamento das obras do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento), o TCU (Tribunal
de Contas da União) se defende
e avalia que o governo "superestima" seu poder.
O órgão argumenta que, entre as 2.446 ações do PAC deste
ano, só fiscalizou 99 (3,9%) e
pediu a suspensão de apenas 13
(0,5%), das quais 8 tiveram os
problemas sanados.
Para reagir ao bombardeio
do governo, a internet foi escolhida como a principal arma do
TCU e de seus funcionários.
Enquanto o presidente do órgão, Ubiratan Aguiar, prepara-se para lançar até o início de dezembro a agência de notícias do
TCU, que dará a versão do tribunal aos fatos, os auditores já
se defendem em um blog.
Ministros e auditores também procuram congressistas
para barrar iniciativas de enfraquecer o poder do tribunal. Já
conseguiram o apoio do DEM,
disposto a transformar em bandeira eleitoral a resistência do
governo às fiscalizações.
De acordo com o secretário-geral de controle externo do
TCU, Paulo Wiechers, a ação do
tribunal realmente mudou ao
longo dos anos de uma ação
mais contábil e feita a posteriori para uma mais preventiva.
"Isso aconteceu mesmo, mas
foi uma decorrência dos comandos da Constituição de
1988", disse Wiechers. "O tribunal passou de médico legista
para clínico. Se a sociedade quiser, voltamos a ser legistas."
Ele avalia que o controle preventivo é sempre mais eficaz.
"O percentual de recuperação
[no controle a posteriori] é mínimo, menos de 5%", afirmou.
Wiechers dá como outro
marco de mudança de atuação
do TCU o escândalo da construção do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São
Paulo, onde foi constatado desvio de R$ 169,5 milhões. Segundo ele, foi a partir dai que a LDO
(Lei de Diretrizes Orçamentárias) deu mais poder ao TCU e
ampliou a sua competência.
Para o TCU, muitos dos atrasos nas obras fiscalizadas são
de responsabilidade das empresas que as executam ou dos
órgãos públicos, que não fornecem dados em tempo hábil.
Enquanto isto, há no Congresso projetos para limitar a
atuação do tribunal. Uma das
propostas do governo é a criação de uma câmara técnica para analisar as decisões dos ministros do TCU.
"A gente repudia e vai lutar
contra qualquer iniciativa de
enfraquecimento do controle
da administração pública", afirma Bruna Couto, presidente da
União dos Auditores Federais
de Controle Externo.
(HUMBERTO MEDINA E FERNANDA ODILLA)
Texto Anterior: Restrições do TCU atingem só 4% de 232 obras do PAC Próximo Texto: Frases Índice
|