UOL

São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CASO SANTO ANDRÉ

Ministro diz que irmão de Celso Daniel terá de provar envolvimento de petistas em esquema de propina

Gushiken separa Santo André do governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) disse ontem que o médico João Francisco Daniel -irmão de Celso Daniel (PT), prefeito de Santo André assassinado em janeiro de 2002- terá de provar as acusações que tem feito contra o PT.
João Francisco Daniel afirmou que havia um esquema de desvio de dinheiro da prefeitura para financiar campanhas políticas de candidatos do PT. Disse ter tomado conhecimento do caso durante uma conversa em que Gilberto Carvalho (ex-secretário de Governo da cidade e hoje chefe de gabinete de Lula) lhe contou "que R$ 1,2 milhão da propina foi entregue" ao então presidente do PT, José Dirceu (hoje ministro-chefe da Casa Civil). Gilberto e Dirceu negam as acusações.
"Isso ele tem de provar", afirmou Luiz Gushiken, referindo-se às acusações do irmão do prefeito assassinado.
Na semana passada, a Justiça paulista aceitou denúncia contra o empresário Sérgio Gomes da Silva como mandante da morte de Celso Daniel. Segundo o Ministério Público, o empresário, que teve sua prisão decretada, queria manter o esquema municipal de arrecadação de propinas, contra a vontade do prefeito.
Em junho de 2002, ele e outras cinco pessoas foram denunciadas sob acusação de comandar o esquema. A denúncia não foi aceita pela Justiça. Em abril do ano passado, a Polícia Civil havia concluído que o assassinato do prefeito fora um crime comum.

Núcleo duro
Gushiken é um dos ministros mais próximos do presidente Lula. Integra o chamado núcleo duro, grupo que inclui os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci Filho (Fazenda) e se reúne quase diariamente com o presidente para discutir todos os temas considerados mais importantes do governo.
Questionado se a reabertura das investigações do assassinato de Celso Daniel incomoda o governo federal, Gushiken disse que não. "É um problema localizado em Santo André. Não tem absolutamente nada com o governo federal e não há incômodo nenhum. Uma coisa é Santo André e outra coisa é o governo federal, e não há ligação", declarou.
O ministro disse ainda que análises ligando o caso de Santo André ao Palácio do Planalto são fruto de especulação.
"O exercício mental de jornalistas é livre e aberto, mas as ligações não existem", afirmou.
(GABRIELA ATHIAS)


Texto Anterior: Renda mínima: Depois de dois anos, Câmara aprova projeto
Próximo Texto: Frase
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.