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São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 2003

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RORAIMA

Ex-governador Neudo Campos é apontado como sendo o mentor do esquema que teria desviado R$ 230 milhões

Procuradoria acusa dois ex-assessores de Flamarion por desvio

EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

O Ministério Público Federal de Roraima ofereceu ontem à Justiça Federal no Estado denúncia (acusação formal) contra 12 pessoas acusadas de envolvimento no chamado "escândalo dos gafanhotos", esquema que teria levado ao desvio de R$ 230 milhões dos cofres públicos.
Entre os denunciados está o ex-governador Neudo Campos (PP), apontado pela força-tarefa que investiga a fraude como o mentor do esquema. Ele governou Roraima de 1995 a abril de 2002.
Além dele, foram denunciados Ângelo Paiva de Moura (ex-diretor da Polícia Judiciária do Estado) e Diva Briglia (ex-chefe da Casa Civil), que ocupavam cargos na administração do atual governador, Flamarion Portela (que foi afastado do PT). Os dois foram exonerados depois das primeiras prisões preventivas de acusados de envolvimento no esquema, no fim do mês passado.
Também foram denunciados o ex-deputado estadual Sebastião da Silva, conhecido como Cabo Sebastião, e Carlos Eduardo Levischi, ex-diretor do extinto DER (Departamento de Estradas e Rodagem). Ambos estão presos preventivamente.
Fecham a lista Olívia Paiva de Moura, Rosilene Nogueira Araújo, Vagna Isaías Gomes de Lima, Suelen Moura Reolon, Nádia Maria Santos Cunha, Evandro Rodrigues e Silva e Jeane Severiano dos Santos, considerados, nas palavras do procurador Darlan Airton Dias, "testas-de-ferro" dos que estariam no topo do esquema.
Os denunciados são acusados de crimes de peculato (praticado por servidor público que se apropria de dinheiro ou bem, público ou particular, em benefício próprio ou de outra pessoa) e formação de quadrilha, em dois inquéritos conduzidos pela Procuradoria. Outras investigações apuram possíveis crimes de lavagem de dinheiro e de sonegação fiscal.

Entenda o caso
O esquema começou a ser investigado em setembro de 2002, quando a Folha divulgou a existência dos "gafanhotos", como ficaram conhecidos os funcionários "fantasmas" do Estado.
Segundo as investigações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, a fraude consistiria no uso de 5.500 "gafanhotos" (que "comiam" a folha de pagamentos) para o desvio de recursos públicos.
Ao menos 30 autoridades do Estado, entre elas ex-parlamentares, atuais deputados estaduais e federais e conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, são apontados como os principais beneficiários do esquema. Essas autoridades indicariam os nomes dos "gafanhotos" para entrar na folha de pagamentos, e os procuradores receberiam os salários em nome dos funcionários e até as restituições do Imposto de Renda.


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