|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NO AR
HVT nš 1
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Segundo o "New York Times", o anúncio da prisão
de Saddam Hussein seguiu um
"plano cuidadoso de relações
públicas". Tinha até manual,
com o título "HVT nš 1" -alvo
de alto valor nš 1.
As imagens do ditador com os
cabelos sendo remexidos em busca de piolhos ou com a língua
para fora foram resultado de
"escolha cuidadosa".
O que veio a seguir foi só a colheita do planejamento bem realizado. Para Aaron Brown, âncora da CNN, "desde a queda da
estátua não tínhamos imagens
tão dramáticas".
O âncora da NBC, Tom Brokaw, falou em "rato preso num
buraco". CNN e Fox News entraram logo no buraco.
Mas não era o público americano ou ocidental o maior alvo.
O objetivo era não deixar dúvidas à audiência muçulmana. E
assim foi. Da Globo:
- As imagens trouxeram alívio, mas também chocaram o
mundo árabe. Muitos consideraram um desrespeito.
O site da Al Jazeera detalhou o
choque, na expressão de um escritor egípcio:
- Eu me senti humilhado.
Cortando sua barba, um símbolo de virilidade no mundo árabe,
os americanos cometeram um
ato que simboliza a humilhação
na nossa região.
Um iraquiano acrescentou que
as cenas forçam "os árabes a encarar sua impotência".
Não queria outra coisa o tal
manual. E vem aí o julgamento,
que, de acordo com integrantes
do conselho do Iraque, terá
transmissão pela TV.
E Lula falou com George W.
Bush sobre a prisão de Saddam,
em pleno dia de glória para o
presidente dos EUA.
Segundo o porta-voz do Palácio do Planalto, o presidente do
Brasil disse, por telefone, que "é
um fato importante na medida
em que pode contribuir para
abrir uma nova fase de transição
democrática".
Falou também da viagem ao
Oriente Médio. Segundo o porta-voz, "o presidente americano
disse a Lula que considerou positiva a iniciativa".
O porta-voz da Casa Branca,
de sua parte, declarou que "o
presidente Lula cumprimentou o
presidente Bush pela captura" e
tratou da Alca.
Relatos um pouco diversos, tudo bem diplomático. Mas não
deixa de contar pontos para Lula no momento em que leva tiros
de todo lado. Por exemplo, do tucano Arthur Virgílio, que falou
da exclusão do Brasil dos contratos no Iraque:
- Não deixa de ser retaliação
às tolices que Lula faz. Ele joga
na corda bamba a relação do
Brasil com os EUA.
Para o tucano, o Brasil não é
uma potência -e "tem que ser
mediador". É claro que "sem
curvatura da espinha". Ou sem
tirar os sapatos.
Texto Anterior: Lavagem: Governo traça meta para facilitar quebra de sigilo Próximo Texto: Panorâmica - Pará: Fiscalização flagra criança trabalhando Índice
|