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Eleição não será prioridade, diz Lula
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Às voltas com partidos que deixam a base aliada e oposicionistas
que acirram as críticas à sua gestão, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva afirmou ontem que, "em
nenhum momento", permitirá
que as eleições de 2006 se transformem em uma prioridade de
sua administração.
"Não vamos permitir, em nenhum momento, que as eleições
de 2006 possam ser a prioridade
número um do governo, como já
aconteceu em outros momentos
históricos do Brasil, em que jogamos oportunidades fora por conta de eleições."
Nos últimos dias, os comandos
do PMDB e do PPS anunciaram
seus desligamentos do governo,
apesar de governistas das siglas
resistirem à ruptura. Além disso,
nas últimas semanas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) tem criticado abertamente a gestão petista. Anteontem, rotulou-a de "arrogante".
Diante de tal cenário, Lula ontem pediu "unidade" e "união" de
todos. "Precisamos contar com a
unidade nacional, do mais humilde dos brasileiros." Em seguida,
mencionou o caso do faxineiro do
aeroporto de Brasília que, em
março passado, achou e devolveu
uma carteira com US$ 10 mil.
"Desde um homem como esse a
uma mulher que recebe o Bolsa-Família, a um general, a um comandante do Exército, ao ministro da Defesa, ao mais importante
intelectual brasileiro, nós precisamos da união de todos para que a
gente não permita que o Brasil jogue essa chance extraordinária
[de crescimento econômico sustentável] fora, como se jogou outras vezes", disse, em trecho improvisado de seu discurso, em almoço no Clube Naval de Brasília.
À tarde, no Palácio do Planalto,
voltou a falar das eleições de 2006.
"Se não estivermos preocupados com a nossa biografia e muito
menos com a nossa fotografia, se
nós não estivermos preocupados
com a próxima eleição, que ainda
vai demorar dois anos, (...) eu
penso que não teremos nenhuma
biografia e nenhuma fotografia,
mas teremos, quem sabe, um pôster ou uma fotografia de milhões
de brasileiros que serão beneficiados pelo nosso bom senso."
Na cerimônia de assinatura do
pacto por mais agilidade no Judiciário, Lula disse que tal iniciativa
demonstrava que é possível superar a "arrogância política".
"É importante vocês atentarem
para o compromisso que nós estamos assumindo. É um compromisso que demonstra que muito
mais do que a arrogância política,
muito mais do que a vaidade pessoal, muito mais do que o pequeno interesse de saber o que vai
acontecer a um de nós no dia seguinte, dedicamos um momento
da nossa vida para pensar no povo brasileiro."
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