São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

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Eleição não será prioridade, diz Lula

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Às voltas com partidos que deixam a base aliada e oposicionistas que acirram as críticas à sua gestão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que, "em nenhum momento", permitirá que as eleições de 2006 se transformem em uma prioridade de sua administração.
"Não vamos permitir, em nenhum momento, que as eleições de 2006 possam ser a prioridade número um do governo, como já aconteceu em outros momentos históricos do Brasil, em que jogamos oportunidades fora por conta de eleições."
Nos últimos dias, os comandos do PMDB e do PPS anunciaram seus desligamentos do governo, apesar de governistas das siglas resistirem à ruptura. Além disso, nas últimas semanas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) tem criticado abertamente a gestão petista. Anteontem, rotulou-a de "arrogante".
Diante de tal cenário, Lula ontem pediu "unidade" e "união" de todos. "Precisamos contar com a unidade nacional, do mais humilde dos brasileiros." Em seguida, mencionou o caso do faxineiro do aeroporto de Brasília que, em março passado, achou e devolveu uma carteira com US$ 10 mil.
"Desde um homem como esse a uma mulher que recebe o Bolsa-Família, a um general, a um comandante do Exército, ao ministro da Defesa, ao mais importante intelectual brasileiro, nós precisamos da união de todos para que a gente não permita que o Brasil jogue essa chance extraordinária [de crescimento econômico sustentável] fora, como se jogou outras vezes", disse, em trecho improvisado de seu discurso, em almoço no Clube Naval de Brasília.
À tarde, no Palácio do Planalto, voltou a falar das eleições de 2006.
"Se não estivermos preocupados com a nossa biografia e muito menos com a nossa fotografia, se nós não estivermos preocupados com a próxima eleição, que ainda vai demorar dois anos, (...) eu penso que não teremos nenhuma biografia e nenhuma fotografia, mas teremos, quem sabe, um pôster ou uma fotografia de milhões de brasileiros que serão beneficiados pelo nosso bom senso."
Na cerimônia de assinatura do pacto por mais agilidade no Judiciário, Lula disse que tal iniciativa demonstrava que é possível superar a "arrogância política".
"É importante vocês atentarem para o compromisso que nós estamos assumindo. É um compromisso que demonstra que muito mais do que a arrogância política, muito mais do que a vaidade pessoal, muito mais do que o pequeno interesse de saber o que vai acontecer a um de nós no dia seguinte, dedicamos um momento da nossa vida para pensar no povo brasileiro."


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