São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

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MINISTÉRIOS

Ministro da Casa Civil disse à senadora do PFL que ela é cotada para vaga

Dirceu discute reforma com Roseana

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O chefe da Casa Civil, José Dirceu, recebeu ontem a senadora e ex-governadora Roseana Sarney (PFL-MA) no Palácio do Planalto e deixou claro que ela é cotada para uma vaga na reforma ministerial, prevista para janeiro.
Conforme a Folha apurou, não houve convite explícito nem menção a um ministério específico, até porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não delegou a Dirceu a tarefa de formalizar convites. Foi apenas "um aceno". E a senadora teria aceitado.
Na versão da própria Roseana, foi ela quem tomou a iniciativa de conversar com Dirceu, para discutir assuntos do interesse do seu Estado, o Maranhão, e para avisá-lo de que se licencia hoje do Senado para fazer exames rotineiros de saúde em São Paulo. Ela nega que tenham falado sobre cargos.
Nos comandos do PT e do PFL, a versão é bem diferente. Ela teria sido avisada de que Lula a quer no ministério e não só "se colocou à disposição" como já teria também avisado os pefelistas de que sua intenção é aceitar.
Isso cria dificuldades para Roseana no partido, que faz oposição ao governo Lula. O Planalto pensou em sugerir que a senadora trocasse o PFL pelo PMDB, o que ela rejeitou. Uma segunda hipótese seria se licenciar do PFL, mas é o partido que não admite. A ida para um ministério, portanto, pode significar uma operação casada de troca de sigla.
Roseana foi cogitada para o Planejamento, vago com a ida de Guido Mantega para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), mas o mais provável é que vá para uma pasta menos técnica e mais condizente com o Maranhão.
Uma possibilidade seria o Ministério do Turismo, área que tem sido bastante estimulada no Estado e em todo o Nordeste. Para isso, o atual ministro, Waldrido dos Mares Guia (PTB), poderia ser transferido para o Planejamento. Ele, porém, tem dito que essa hipótese não o agrada.
Roseana é filha do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que pretendia ser reeleito para o cargo e não poderá ser, porque a legislação em vigor impede e a emenda que a alteraria não foi votada e aprovada pelo Congresso.
A ida de Roseana para o governo serviria como uma espécie de compensação para Sarney, que na gestão tucana de Fernando Henrique Cardoso emplacou outro filho político, Zequinha Sarney, no Ministério do Meio Ambiente.


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