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Governo do DF é rejeitado por 30% do eleitorado
Arruda reconhece a rejeição e diz que teve de tomar medidas impopulares
Segundo a pesquisa Datafolha, entre dez governos pesquisados, Arruda ficou em penúltimo lugar, com nota média de 5,3
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quando tomou posse do governo do Distrito Federal há
um ano, José Roberto Arruda
(DEM) exalava confiança e dinamismo. Mantinha seu secretariado de prontidão permanente, implodiu prédios abandonados e transferiu a sede do
governo para uma cidade-satélite da capital. Hoje, magro e
abatido, é um retrato de sua
própria impopularidade, que
reconhece com resignação.
O governador recebeu a reportagem em seu carro oficial
no trajeto entre dois eventos na
tarde de sexta. Informado de
que o Datafolha havia realizado
uma pesquisa de avaliação dos
governos estaduais, interrompeu: "Isso não vai ser bom...".
Ainda sem ser informado do resultado.
Por quê? "Neste primeiro
ano, tive de tomar muitas medidas impopulares. Contrariamos muitos interesses. Mas a
opção era essa, ou governar
com responsabilidade ou continuar no caminho do populismo
clássico."
Arruda diz que, de alguma
forma, implodiu a casa, o transporte e o emprego de muitas famílias, especialmente na base
de seu eleitorado. Ele explica
que logo ao chegar demitiu 23
mil pessoas, declarou guerra às
vans piratas, derrubou camelôs
e barracos e forçou a regularização de 100 mil moradias em
condomínios.
"Isso tudo tem um custo, o da
impopularidade", disse. "Na
classe A e B, as medidas são
compreendidas, são pessoas
que clamam por austeridade.
Nas classes mais humildes, vale
o populismo."
Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, entre dez governos pesquisados, Arruda ficou em penúltimo lugar, com
nota média de 5,3. Sua taxa de
reprovação (ruim e péssimo) é
de 30%, e 38% aprovam sua
gestão (ótimo e bom).
Conforme o balanço do governo, o choque de gestão gerou uma economia de R$ 898
milhões, dos quais R$ 500 milhões foram usados para quitar,
com deságio, uma dívida herdada de R$ 750 milhões da gestão
anterior.
Quando tomou posse, a reportagem visitou sua nova sede
de governo em Taguatinga e viu
o governador a pleno vapor.
Aboliu os gabinetes e mantinha
seus secretários reunidos em
tempo integral em um grande
salão, sob seu comando e vigilância. "É o modelo de gestão
eficiente das grandes empresas", explicou à época.
Hoje, virou piada nacional ao
proibir, por decreto, o uso do
gerúndio, num gesto de frustração com a lentidão burocrática
do "estar fazendo".
O governador se esforça para
não ser lacônico, mas, cansado,
repete diversas vezes na conversa de cinco minutos que este
é "o único caminho".
Para ele, a popularidade voltará a médio prazo. "Vamos reverter isso quando a economia
virar asfalto, escola e hospital."
Ajudam a oposição aguada no
DF e a projeção dentro do Democratas.
"Estou disposto a pagar o
custo político", encerra. Não
seria a primeira vez: Arruda se
elegeu em primeiro turno depois de um quase-exílio político desde 2000, quando renunciou ao cargo de senador por
envolvimento no escândalo da
violação do painel eletrônico.
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