São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2007

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Governo do DF é rejeitado por 30% do eleitorado

Arruda reconhece a rejeição e diz que teve de tomar medidas impopulares

Segundo a pesquisa Datafolha, entre dez governos pesquisados, Arruda ficou em penúltimo lugar, com nota média de 5,3

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quando tomou posse do governo do Distrito Federal há um ano, José Roberto Arruda (DEM) exalava confiança e dinamismo. Mantinha seu secretariado de prontidão permanente, implodiu prédios abandonados e transferiu a sede do governo para uma cidade-satélite da capital. Hoje, magro e abatido, é um retrato de sua própria impopularidade, que reconhece com resignação.
O governador recebeu a reportagem em seu carro oficial no trajeto entre dois eventos na tarde de sexta. Informado de que o Datafolha havia realizado uma pesquisa de avaliação dos governos estaduais, interrompeu: "Isso não vai ser bom...". Ainda sem ser informado do resultado.
Por quê? "Neste primeiro ano, tive de tomar muitas medidas impopulares. Contrariamos muitos interesses. Mas a opção era essa, ou governar com responsabilidade ou continuar no caminho do populismo clássico."
Arruda diz que, de alguma forma, implodiu a casa, o transporte e o emprego de muitas famílias, especialmente na base de seu eleitorado. Ele explica que logo ao chegar demitiu 23 mil pessoas, declarou guerra às vans piratas, derrubou camelôs e barracos e forçou a regularização de 100 mil moradias em condomínios.
"Isso tudo tem um custo, o da impopularidade", disse. "Na classe A e B, as medidas são compreendidas, são pessoas que clamam por austeridade. Nas classes mais humildes, vale o populismo."
Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, entre dez governos pesquisados, Arruda ficou em penúltimo lugar, com nota média de 5,3. Sua taxa de reprovação (ruim e péssimo) é de 30%, e 38% aprovam sua gestão (ótimo e bom).
Conforme o balanço do governo, o choque de gestão gerou uma economia de R$ 898 milhões, dos quais R$ 500 milhões foram usados para quitar, com deságio, uma dívida herdada de R$ 750 milhões da gestão anterior.
Quando tomou posse, a reportagem visitou sua nova sede de governo em Taguatinga e viu o governador a pleno vapor. Aboliu os gabinetes e mantinha seus secretários reunidos em tempo integral em um grande salão, sob seu comando e vigilância. "É o modelo de gestão eficiente das grandes empresas", explicou à época.
Hoje, virou piada nacional ao proibir, por decreto, o uso do gerúndio, num gesto de frustração com a lentidão burocrática do "estar fazendo".
O governador se esforça para não ser lacônico, mas, cansado, repete diversas vezes na conversa de cinco minutos que este é "o único caminho".
Para ele, a popularidade voltará a médio prazo. "Vamos reverter isso quando a economia virar asfalto, escola e hospital." Ajudam a oposição aguada no DF e a projeção dentro do Democratas.
"Estou disposto a pagar o custo político", encerra. Não seria a primeira vez: Arruda se elegeu em primeiro turno depois de um quase-exílio político desde 2000, quando renunciou ao cargo de senador por envolvimento no escândalo da violação do painel eletrônico.


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