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Governo precisa melhorar articulação, diz Garibaldi
Novo presidente do Senado avalia que Planalto tem de rever relacionamento com a base
Peemedebista aposta que conseguirá recuperar a
credibilidade da Casa e cogita divulgar gastos
com verba indenizatória
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo depois de ter chegado à presidência do Senado
com o apoio do grupo que salvou Renan Calheiros (PMDB-AL) da cassação do mandato,
Garibaldi Alves (PMDB-RN)
aposta que conseguirá recuperar a credibilidade da Casa.
Uma das propostas dele é
tornar público os gastos dos senadores com verba indenizatória -como ocorreu na Câmara.
Garibaldi afirmou que já recebeu pedidos para manter
pessoas indicadas por senadores em cargos na direção da Casa, mas disse que poderá realizar concursos públicos para
contratação de pessoal.
Em entrevista à Folha anteontem, Garibaldi disse que
"aprendeu uma lição" e que ganhou "confiança" ao presidir a
sessão em que foi derrubada a
prorrogação da CPMF, na madrugada de quinta-feira. Ele
também fez críticas à articulação política do governo e defendeu a construção de uma
nova maioria no Senado.
Garibaldi conversou com a
Folha por telefone ao chegar a
Natal, onde foi recebido no aeroporto com festa, antes de discursar em carro de som.
FOLHA - Como o senhor avalia esses primeiros dias de trabalho?
GARIBALDI ALVES - A votação da
CPMF me deu muita confiança
para encarar os novos desafios
que teremos pela frente na condução dos trabalhos.
FOLHA - O senhor chegou à presidência com denúncias de que sua
campanha ao Senado foi paga com
dinheiro ilegal e de que programas
da época em que era governador
são investigados.
GARIBALDI - Aquilo tudo é passado. Principalmente nos últimos meses do Senado, durante
o processo de julgamento do
senador Renan Calheiros, o espírito investigativo ficou muito
acirrado.
FOLHA - O senhor reconhece que
chegou à presidência com o apoio
de Renan?
GARIBALDI - Nós contamos, claro, com o voto dele e do grupo
[de senadores] que o apóia.
FOLHA - O que lhe chamou mais
atenção nesses primeiros dias de
presidência?
GARIBALDI - Nesses primeiros
dias convivi com esse episódio
da CPMF. A votação mostrou
que a correlação de forças no
Senado beneficia a oposição.
Por isso, o governo tem de ter
uma atitude de revisão no seu
relacionamento com a base
aliada. Melhorar a coordenação
política.
FOLHA - O senhor pretende tomar
alguma medida administrativa?
GARIBALDI - Eu vou tomar medidas institucionais, administrativas, mas eu ainda estou em
fase de preparação. Nós vamos
aproveitar o recesso para reunir informações, levar as lideranças e, depois, tomar as decisões. Temos de analisar o número de medidas provisórias.
Alguns senadores dizem que o
regimento interno está ultrapassado.
FOLHA - O senhor vai abrir para o
público a divulgação dos gastos com
verba indenizatória?
GARIBALDI - Eu sou a favor. A
Câmara dos Deputados já faz
isso e eu acho que o Senado deve fazer também.
FOLHA - Mas o senhor não acredita
que há resistências na Casa?
GARIBALDI - Acredito que não.
Nós não podemos ficar apenas
no discurso de que vamos recuperar a credibilidade. É preciso
demonstrar na prática.
FOLHA - O senhor recebeu pedidos
tanto de senadores quanto de servidores para manutenção de empregos ou criação de cargos?
GARIBALDI - Os de maior números são os pedidos de permanência nos cargos. As pessoas
que querem permanecer.
FOLHA - E o senhor vai poder atender?
GARIBALDI - Eu vou poder atender na medida em que eles não
se constituírem um problema
para o funcionamento da estrutura administrativa.
FOLHA - Como senhor vê o funcionamento do Senado? Tem de aumentar ou diminuir o número de
pessoal?
GARIBALDI - Não conheço muito
de perto a situação. Eu acredito
que o número de aposentadorias hoje já é razoável diante
das primeiras nomeações que
foram feitas. Ao mesmo tempo,
o número de concursos não foi
tão grande.
FOLHA - O senhor está pensando
em fazer algum concurso?
GARIBALDI - Talvez para algumas áreas especializadas.
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