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Prefeitura usou assinaturas forjadas, dizem empresários
Segundo eles, assessor de São Caetano pediu alteração após reportagem da Folha
Empreiteiros afirmam ter sido chamados para colocar assinaturas verdadeiras sobre falsas; construtor havia denunciado fraude
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois empresários de São
Caetano do Sul (SP) afirmaram
ao Ministério Público do Estado de São Paulo que, a pedido
de um assessor do prefeito José
Auricchio Júnior (PTB), ajudaram a fraudar procedimentos
administrativos de licitação,
que estão sob investigação.
O episódio, segundo eles,
ocorreu após reportagem da
Folha, do dia 2 de setembro,
com o construtor Antonio
Cressoni, que declarou ter recebido da prefeitura, durante
oito anos, cerca de R$ 16,5 milhões por dezenas de obras,
muitas das quais inexistentes.
Cressoni disse ainda que o
processo de licitação era forjado por servidores. Com carimbos e papéis com o logotipo das
construtoras, eles mesmos redigiam as propostas das empresas concorrentes e assinavam
sobre o nome do construtor.
De acordo com o relato dos
dois construtores, após a reportagem, eles foram chamados à
prefeitura para lançar assinaturas verdadeiras sobre as falsas (veja documento ao lado).
Quando a Promotoria iniciou
a investigação e pediu para ter
acesso a dois processos da gestão de Auricchio Júnior, descobriu que cada documento tinha
duas assinaturas diferentes.
Convocado a explicar a duplicidade, um dos empresários
(o nome é mantido em sigilo)
disse que tinha mania de assinar muitas vezes e com estilos
diferentes. Segundo o Ministério Público, após receber voz de
prisão por crime de falso testemunho, ele se retratou.
Disse que, há dois meses, recebeu o telefonema de um funcionário municipal que o convocou a comparecer na prefeitura. Chegando lá, afirmou ter
sido orientado a assinar os papéis por Rodrigo, supostamente um assessor do prefeito.
Segundo ele, a reunião ocorreu no "gabinete do prefeito,
melhor explicando, em uma sala que integra a área chamada
gabinete do prefeito".
O construtor afirmou que foi
somente naquele momento
que teve ciência da falsificação
das assinaturas e dos documentos referentes à empresa dele,
que nem participou da disputa.
"Não sei como a prefeitura tinha carimbo, envelopes e papéis timbrados da empresa."
O segundo empresário, Rubens Puccetti, disse que, há três
meses, recebeu uma ligação de
uma secretária da Diretoria
Municipal de Obras. Foi à prefeitura e assinou sobre as assinaturas falsas.
Em agosto, antes da solicitação do Ministério Público, o
prefeito exibiu os mesmos procedimentos à reportagem que,
na ocasião, constatou apenas
uma assinatura. Além dos depoimentos, a falsificação foi
atestada por peritos do Instituto de Criminalística.
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