São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Prefeitura usou assinaturas forjadas, dizem empresários

Segundo eles, assessor de São Caetano pediu alteração após reportagem da Folha

Empreiteiros afirmam ter sido chamados para colocar assinaturas verdadeiras sobre falsas; construtor havia denunciado fraude

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois empresários de São Caetano do Sul (SP) afirmaram ao Ministério Público do Estado de São Paulo que, a pedido de um assessor do prefeito José Auricchio Júnior (PTB), ajudaram a fraudar procedimentos administrativos de licitação, que estão sob investigação.
O episódio, segundo eles, ocorreu após reportagem da Folha, do dia 2 de setembro, com o construtor Antonio Cressoni, que declarou ter recebido da prefeitura, durante oito anos, cerca de R$ 16,5 milhões por dezenas de obras, muitas das quais inexistentes.
Cressoni disse ainda que o processo de licitação era forjado por servidores. Com carimbos e papéis com o logotipo das construtoras, eles mesmos redigiam as propostas das empresas concorrentes e assinavam sobre o nome do construtor.
De acordo com o relato dos dois construtores, após a reportagem, eles foram chamados à prefeitura para lançar assinaturas verdadeiras sobre as falsas (veja documento ao lado).
Quando a Promotoria iniciou a investigação e pediu para ter acesso a dois processos da gestão de Auricchio Júnior, descobriu que cada documento tinha duas assinaturas diferentes.
Convocado a explicar a duplicidade, um dos empresários (o nome é mantido em sigilo) disse que tinha mania de assinar muitas vezes e com estilos diferentes. Segundo o Ministério Público, após receber voz de prisão por crime de falso testemunho, ele se retratou.
Disse que, há dois meses, recebeu o telefonema de um funcionário municipal que o convocou a comparecer na prefeitura. Chegando lá, afirmou ter sido orientado a assinar os papéis por Rodrigo, supostamente um assessor do prefeito.
Segundo ele, a reunião ocorreu no "gabinete do prefeito, melhor explicando, em uma sala que integra a área chamada gabinete do prefeito".
O construtor afirmou que foi somente naquele momento que teve ciência da falsificação das assinaturas e dos documentos referentes à empresa dele, que nem participou da disputa.
"Não sei como a prefeitura tinha carimbo, envelopes e papéis timbrados da empresa."
O segundo empresário, Rubens Puccetti, disse que, há três meses, recebeu uma ligação de uma secretária da Diretoria Municipal de Obras. Foi à prefeitura e assinou sobre as assinaturas falsas.
Em agosto, antes da solicitação do Ministério Público, o prefeito exibiu os mesmos procedimentos à reportagem que, na ocasião, constatou apenas uma assinatura. Além dos depoimentos, a falsificação foi atestada por peritos do Instituto de Criminalística.


Texto Anterior: 2º turno: Votação deve atrair menos de 200 mil filiados
Próximo Texto: Outro lado: Prefeito não comentará declarações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.