São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 2008

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Planalto tem de ser reformado, diz Niemeyer

Segundo arquiteto, que fez 101 anos, palácio foi pensado para comportar 150 pessoas -hoje são 300

LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em entrevista à Folha na última quinta-feira, após ter ouvido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o Palácio do Planalto está igual a uma "favela", o arquiteto Oscar Niemeyer, 101, disse que o palácio está "até bem cuidado", mas precisa mesmo de uma reforma.
"Quando o palácio foi feito, foi pensado para 150 pessoas trabalharem dentro dele. Agora tem 300. Então, precisa ser revisto", disse Niemeyer.
O arquiteto disse que o problema não se restringe à sede do Executivo. "As obras de Brasília, mais ou menos, sofreram esse problema. O Congresso, por exemplo, quando projetamos, a idéia que se tinha do número de parlamentares era de mais ou menos 200. Agora tem 500", declarou ele.
"Com aquela correria de fazer a cidade, não tínhamos elementos bastantes para calcular a modificação que ocorreria na cidade depois de 50 anos."
Bastante lúcido, Niemeyer tentou se esquivar sobre o seu aniversário, comemorado ontem. "A gente conta os aniversários até 30 anos, depois não adianta", disse. "O bom é ser moço, fazer o que bem entender. A idade é uma merda."
Horas antes de conceder a entrevista, no restaurante do hotel onde estava hospedado, Niemeyer havia passado por uma maratona de autógrafos e fotos, por ocasião do lançamento do terceiro número da revista "Nosso Caminho", no Museu Nacional de Brasília.
Durante as quatro horas de evento, alguns amigos do arquiteto tiveram de atuar como seguranças. Logo na abertura, cerca de 20 fotógrafos o cercaram. "O Oscar precisa respirar", disse um dos colegas.
Entre as dezenas de pessoas que foram ao evento, o deputado cassado e ex-ministro José Dirceu (PT-SP) entrou na fila para pegar autógrafo. "Eu o conheço [Dirceu] pouco, mas o aprecio muito. É um homem progressista, inteligente."
Questionado se a política atual está melhor ou pior que a de antigamente, disse que hoje o país tem o "presidente ideal". "É operário, amigo do povo, compreende as ameaças que há contra a América Latina."
Niemeyer veio a Brasília de carro, pois não gosta de avião. "Só para ir à Europa peguei navio. Já fui de avião, mas prefiro navio, para tomar um drinque, conversar, ver o mar."


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