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Planalto tem de ser reformado, diz Niemeyer
Segundo arquiteto, que fez 101 anos, palácio foi pensado para comportar 150 pessoas -hoje são 300
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em entrevista à Folha na última quinta-feira, após ter ouvido do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva que o Palácio do
Planalto está igual a uma "favela", o arquiteto Oscar Niemeyer, 101, disse que o palácio está
"até bem cuidado", mas precisa
mesmo de uma reforma.
"Quando o palácio foi feito,
foi pensado para 150 pessoas
trabalharem dentro dele. Agora tem 300. Então, precisa ser
revisto", disse Niemeyer.
O arquiteto disse que o problema não se restringe à sede
do Executivo. "As obras de Brasília, mais ou menos, sofreram
esse problema. O Congresso,
por exemplo, quando projetamos, a idéia que se tinha do número de parlamentares era de
mais ou menos 200. Agora tem
500", declarou ele.
"Com aquela correria de fazer a cidade, não tínhamos elementos bastantes para calcular
a modificação que ocorreria na
cidade depois de 50 anos."
Bastante lúcido, Niemeyer
tentou se esquivar sobre o seu
aniversário, comemorado ontem. "A gente conta os aniversários até 30 anos, depois não
adianta", disse. "O bom é ser
moço, fazer o que bem entender. A idade é uma merda."
Horas antes de conceder a
entrevista, no restaurante do
hotel onde estava hospedado,
Niemeyer havia passado por
uma maratona de autógrafos e
fotos, por ocasião do lançamento do terceiro número da
revista "Nosso Caminho", no
Museu Nacional de Brasília.
Durante as quatro horas de
evento, alguns amigos do arquiteto tiveram de atuar como
seguranças. Logo na abertura,
cerca de 20 fotógrafos o cercaram. "O Oscar precisa respirar", disse um dos colegas.
Entre as dezenas de pessoas
que foram ao evento, o deputado cassado e ex-ministro José
Dirceu (PT-SP) entrou na fila
para pegar autógrafo. "Eu o conheço [Dirceu] pouco, mas o
aprecio muito. É um homem
progressista, inteligente."
Questionado se a política
atual está melhor ou pior que a
de antigamente, disse que hoje
o país tem o "presidente ideal".
"É operário, amigo do povo,
compreende as ameaças que há
contra a América Latina."
Niemeyer veio a Brasília de
carro, pois não gosta de avião.
"Só para ir à Europa peguei navio. Já fui de avião, mas prefiro
navio, para tomar um drinque,
conversar, ver o mar."
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