São Paulo, quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

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Teles têm maior poder de voto em conferência de comunicação

Setor aproveita congresso esvaziado e consegue um quarto dos delegados

ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

As companhias telefônicas aproveitaram o esvaziamento da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, convocada pelo presidente Lula e iniciada anteontem, para colher dividendos políticos, tanto no governo como no meio sindical.
Elas enviaram 418 funcionários para o encontro, em Brasília, para assegurar que a cota de 632 delegados destinada ao setor empresarial fosse ocupada.
Com isso, a telefonia tornou-se o segmento com maior representação na conferência, com 26% do total de delegados com poder de voto.
Os demais delegados da cota empresarial foram indicados pelos grupos Bandeirantes e RedeTV! e por empresas regionais de comunicação.
A representação empresarial ficou esvaziada com o afastamento de seis das oito entidades que integravam a comissão organizadora. A ANJ (Associação Nacional de Jornais), Abert (Rádio e TV), Aner (revistas), Adjori (jornais regionais), ABTA (TV por assinatura) e Abranet (provedores de internet) deixaram o evento.
Ontem, no primeiro dia de trabalho, as teles, campeãs em reclamações de consumidores, foram chamadas de "empresariado progressista" por oradores do movimento sindical.

Controle da mídia
A votação do regimento da conferência consumiu ontem três horas de discussão. Foi aprovado que as empresas poderão, nos grupos de trabalho, indicar 40% das propostas que irão para votação no plenário.
O mesmo percentual terão as ONGs, sindicatos e associações, enquanto o poder público ficará com 20%.
Segundo a representante da CUT (Central Única dos Trabalhadores) na comissão organizadora, Rosane Bertotti, os sindicatos vão concentrar esforços nas propostas de universalização da banda larga, na aprovação de um marco regulatório que proíba políticos de receberem concessões de rádio e TV e no controle social da mídia.
As teles veem a proposta de uma operadora estatal de banda larga como retrocesso, enquanto a Abra (Associação Brasileira de Radiodifusão) considera o controle social como censura à mídia.
As teles e a Abra, no entanto, dizem que poderão fazer acordo em torno de propostas convergentes -como redução da carga tributária sobre os serviços de telecomunicações e o fomento à produção de conteúdo nacional- para preencher sua cota de propostas nos grupos de trabalho.


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