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Teles têm maior poder de voto em conferência de comunicação
Setor aproveita congresso esvaziado e consegue um quarto dos delegados
ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
As companhias telefônicas
aproveitaram o esvaziamento
da 1ª Conferência Nacional de
Comunicação, convocada pelo
presidente Lula e iniciada anteontem, para colher dividendos políticos, tanto no governo
como no meio sindical.
Elas enviaram 418 funcionários para o encontro, em Brasília, para assegurar que a cota de
632 delegados destinada ao setor empresarial fosse ocupada.
Com isso, a telefonia tornou-se o segmento com maior representação na conferência,
com 26% do total de delegados
com poder de voto.
Os demais delegados da cota
empresarial foram indicados
pelos grupos Bandeirantes e
RedeTV! e por empresas regionais de comunicação.
A representação empresarial
ficou esvaziada com o afastamento de seis das oito entidades que integravam a comissão
organizadora. A ANJ (Associação Nacional de Jornais), Abert
(Rádio e TV), Aner (revistas),
Adjori (jornais regionais), ABTA (TV por assinatura) e Abranet (provedores de internet)
deixaram o evento.
Ontem, no primeiro dia de
trabalho, as teles, campeãs em
reclamações de consumidores,
foram chamadas de "empresariado progressista" por oradores do movimento sindical.
Controle da mídia
A votação do regimento da
conferência consumiu ontem
três horas de discussão. Foi
aprovado que as empresas poderão, nos grupos de trabalho,
indicar 40% das propostas que
irão para votação no plenário.
O mesmo percentual terão as
ONGs, sindicatos e associações,
enquanto o poder público ficará com 20%.
Segundo a representante da
CUT (Central Única dos Trabalhadores) na comissão organizadora, Rosane Bertotti, os sindicatos vão concentrar esforços
nas propostas de universalização da banda larga, na aprovação de um marco regulatório
que proíba políticos de receberem concessões de rádio e TV e
no controle social da mídia.
As teles veem a proposta de
uma operadora estatal de banda larga como retrocesso, enquanto a Abra (Associação Brasileira de Radiodifusão) considera o controle social como
censura à mídia.
As teles e a Abra, no entanto,
dizem que poderão fazer acordo em torno de propostas convergentes -como redução da
carga tributária sobre os serviços de telecomunicações e o fomento à produção de conteúdo
nacional- para preencher sua
cota de propostas nos grupos
de trabalho.
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