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NARCOTRÁFICO
Para analista, governo norte-americano considera que o país não colabora no combate ao crime
Droga vira foco de tensão com Brasil
de Nova York
A Polícia Federal está preocupada com a presença dos EUA na
área de fronteira com o Brasil?
Pois, segundo o analista Larry
Birns, diretor do Council on Hemispheric Affairs (Coha), os Estados Unidos também estão preocupados, mas com o que consideram falta de empenho do governo
brasileiro em combater o narcotráfico na área.
Para o analista, a tendência é a
relação entre os dois países se
complicar por causa de divergências sobre o combate às drogas na
região.
O Coha é uma ONG (organização não-governamental) baseada
em Washington que monitora, há
mais de 20 anos, as políticas dos
EUA para os países da América
Latina e Caribe.
A organização é financiada por
fundações, sindicatos, entidades
profissionais e grupos religiosos,
e reúne pesquisadores, analistas e
ex-membros do governo norte-americano.
Leia abaixo os principais trechos da conversa com o diretor
do Coha.
Folha - O senhor acha que faz
sentido a preocupação da Polícia Federal com a militarização
das áreas de fronteira com o
Brasil por parte dos Estados
Unidos?
Larry Birns - O que se sabe em
Washington é que tem havido
uma transferência cada vez maior
de cultivo e processamento de
droga para o Brasil.
E que o tráfico conseguiu operar, por alguns anos, com relativa
impunidade, antes que os brasileiros se mobilizassem para fazer
alguma coisa. Além disso, os EUA
sentem que precisam usar forças
mais pesadas e efetivas para esse
combate.
Folha - E o que isso quer dizer?
Birns - Na visão do governo
norte-americano, as necessidades
da "guerra contra as drogas" envolvem um aumento do uso da
tecnologia militar, de tropas aéreas para supervisionar áreas, e
um tipo de estratégia paramilitar
para lidar com a importação e a
exportação de drogas.
Folha - Qual o papel do Brasil
nessa estratégia?
Birns - Entre os oficiais antidrogas com quem tenho conversado,
a compreensão é que o país não
tem sido muito cooperativo. Que
tem sido relutante em fornecer
dados de inteligência e nega que o
problema seja tão grave quanto a
DEA está dizendo que é.
Então nós estamos vendo o começo de uma sensibilidade crescente sobre o papel brasileiro nisso tudo.
E uma vez que isso cresça, você
vai ter legisladores começando a
falar no Congresso norte-americano que o governo brasileiro não
está fazendo o suficiente para
manter o fluxo de drogas longe do
país.
Folha - Isso é uma avaliação
comum ao governo?
Birns - Sim.
Folha - O que poderia servir
como desculpa para alguma
ação mais direta no território
brasileiro?
Birns - Bem, acho isso difícil,
porque o Brasil é um país muito
importante na região e os EUA
nunca tiveram realmente o controle da política brasileira de combate às drogas.
Mas já há um bom grau de ressentimento em Washington pelo
fato de o Brasil não ter sido tão entusiástico em relação à Alca (Área
de Livre Comércio das Américas).
E isso influi na postura dos EUA
em relação ao papel do Brasil na
guerra antidrogas.
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