São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2004

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PAINEL

Mágoas passadas
Está no PT a maior resistência à indicação de Tarso Genro como superministro da área social. Grande parte dos intelectuais e dos formuladores de políticas sociais ligados ao partido manifestou descontentamento com sua eventual ascensão.

Avenida Paulista
A razão da resistência a Tarso Genro é sua ação à frente do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, criado por Lula. Teria dado voz ao empresariado e ouvidos moucos aos setores sociais e intelectuais.

Destino traçado
José Genoino está fora do ministério de Lula. Não tem sucessor na presidência do PT. A primeira-vice é Marta Suplicy, impedida por ter cargo público. O segundo-vice é Valter Pomar, da esquerda. O terceiro-vice é Romênio Pereira, petista de Minas Gerais sem força política.

O mar está para peixe
O ministro José Fritsch (PT-SC) está confortável no governo. "Não há forças políticas cobiçando a Secretaria da Pesca", admite. Talvez ninguém lembre que exista ou para que serve.

Revolta do baixo clero
PL, PP e PTB informaram ao presidente da Câmara, João Paulo, que bloquearão as votações se não houver mudança no projeto de reforma política.

Autodefesa
Os três partidos são contra o voto em lista fechada, aquele em que o eleitor escolhe não um candidato, mas um grupo deles de uma mesma legenda. O sistema, previsto na reforma política, favorece os grandes partidos.

Praga de mãe
D. Kyola, mãe de José Sarney morta ontem, dizia que Collor iria "queimar a língua", quando, em 1989, acusava de corrupção a administração de seu filho. Após o processo de impeachment, Sarney gracejava: "Praga de d. Kyola nunca falha".

Marketing da segurança
Lula pediu a Márcio Thomaz Bastos (Justiça) que dê prioridade a ações de segurança pública nos próximos meses. Disse estar satisfeito com as recentes operações da Polícia Federal e com a repercussão positiva na mídia.

Viagem à Índia
Marco Aurélio Garcia, assessor de Lula, diz que o presidente insistirá na Índia, para onde vai dia 24, na taxação da movimentação internacional do capital financeiro para combater a fome.

Lá diferente de cá
Intelectual petista anti-Palocci sugeriu que Lula desse o exemplo e tirasse o dinheiro da CPMF do pagamento dos juros da dívida e colocasse no Bolsa-Família.

Novela das reformas
O Planalto acerta acordo entre Câmara e Senado para aprovar na convocação extraordinária, sem novas mudanças, a emenda constitucional que atenua os efeitos da reforma da Previdência sobre os servidores.

Vilão é aliado
Líderes do governo, Aldo Rebelo e Aloizio Mercadante reúnem-se no final de semana para discutir a emenda da Previdência. Na terça, encontram-se com os oposicionistas. A maior resistência vem da base aliada.

Tucano precavido
Uma disputa de CPIs mobiliza deputados estaduais de SP. A presidência da Assembléia tenta atingir o limite máximo de cinco CPIs com investigações não-polêmicas, como a que apura a degradação do meio ambiente.

Um como o outro
Como os petistas na área federal, os tucanos de SP querem inviabilizar investigações com potencial eleitoral. A oposição a Alckmin tenta há um ano abrir CPIs sobre ações policiais com mortes e rebeliões na Febem.

Acordo tácito
O PT-DF acha que o Planalto desistiu de apoiar a cassação de Joaquim Roriz, em apreciação na Justiça, como parte do acordo que pôs o PMDB no governo.

TIROTEIO

De Romeu Tuma, sobre falta de apoio no PFL ao seu nome:
-É uma ditadura de partido. Vou lutar contra esse alijamento. Sou pré-candidato à sucessão de Marta Suplicy.

CONTRAPONTO

A loucura de cada um

Os sociólogos Fernando Henrique Cardoso e Darcy Ribeiro (1922-1997), mais do que colegas de cátedra, eram amigos. Tinham estilos diferentes. FHC era visto como mais elegante e comedido. Darcy, histriônico.
Após o processo de redemocratização, separaram-se politicamente. FHC manteve-se no PMDB até 1988, quando foi um dos fundadores do PSDB. Darcy, em 1979, apoiou Leonel Brizola na criação do PDT.
Em 1984, estavam juntos. FHC era um dos articuladores da candidatura de Tancredo Neves (1910-1985) à Presidência da República, via Colégio Eleitoral. Darcy e o PDT apoiavam o então governador de Minas.
Um ex-auxiliar de Tancredo lembra de frase do mineiro ao ver FHC e Darcy juntos:
-Não sei o que é mais preocupante: a suposta loucura do Darcy ou a suposta lucidez do Fernando Henrique.


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