São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2004

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REFORMA AGRÁRIA

Para órgão, maior problema foi demora para liberar verba

1º ano foi de adaptação, diz Incra

LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Rolf Hackbart, admitiu ontem que o governo enfrentou dificuldades para realizar os assentamentos de famílias no campo em 2003. Ele citou a demora para a liberação de recursos, que foram conseguidos somente entre março e abril, e a fase de adaptação entre o programa atual e o do governo anterior.
"É o início de governo, é a montagem de equipe, é a liberação do orçamento somente em abril", afirmou. Apesar disso, ele acha que 2003 não foi um ano perdido para a reforma agrária.
Hackbart afirmou ontem que o órgão irá cumprir no primeiro semestre 41% da meta de assentamentos de 2004, deixando para o segundo semestre 68 mil das 115 mil famílias que fazem parte do plano deste ano.
Na última quarta-feira, o ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) afirmou que precisa de mais R$ 1,5 bilhão para cumprir a meta de assentamentos de deste ano.
Dados apresentados ontem pelo Incra mostram que em 2003 foram 36.301 famílias que receberam terras em 2003. O presidente Lula havia afirmado em março que 60 mil seriam beneficiadas.
Para João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), 2003 foi um "desastre" em termos de assentamento. Na avaliação da entidade, foram assentadas apenas 10 mil famílias. No entanto, ele se diz otimista. "Estamos otimistas em relação às metas do governo em 2004. Acho que eles vão conseguir atingir a meta de 115 mil."
O ano de 2003 também foi marcado pelo aumento das invasões de terra -209 até dezembro, comparado a 103 registradas em 2002- e pelas mortes relacionadas a conflitos no campo -42 mortes, recorde desde 1998, quando houve 47 mortes.
Neste ano, o governo inicia os assentamentos florestais, que prevêem o manejo sustentável em áreas de floresta. A atividade desses assentamentos baseiam-se no extrativismo madeireiro, no extrativismo de óleos comestíveis e combustíveis, no cultivo de polpas de frutas e de eras medicinais.
O plano é possibilitar a retirada de 300 metros cúbicos de madeira por ano para cada família, o que garantiria uma renda mensal de R$ 1.750.


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