São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2009

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Entrevista

Para vítima, crimes não são políticos

CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O italiano Alberto Torregiani, 45, é uma das vítimas do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo). Em 16 de fevereiro de 1979, ele presenciou o assassinato do pai, o ourives Pierluigi, na calçada da joalheria da família, em Milão. Alberto também foi atingido por um tiro e ficou hemiplégico. Em entrevista à Folha, por telefone, ele criticou a concessão de refúgio a Cesare Battisti.
"Battisti é assassino comum, não criminoso político."

 

FOLHA - Seu pai foi morto numa ação do PAC atribuída a Battisti?
ALBERTO TORREGIANI
- Sim. Íamos abrir a joalheria naquela manhã. Mas antes, alguém o chamou pelo nome e, quando ele se virou, a pessoa começou a atirar. Também fui ferido. Chamamos a ambulância, mas quando chegou ele já estava morto.

FOLHA - Battisti participou?
TORREGIANI
- Desse crime não. Mas, segundo um de seus ex-companheiros, foi o mandante. Nesse dia, participou de outro assassinato.

FOLHA - Pierluigi tinha alguma militância política?
TORREGIANI
- Não. Meu pai não tinha nada a ver com política. Era um comerciante.
Acho que foi morto por vingança. Um mês antes, reagiu a um roubo e um membro do grupo do Battisti foi morto.

FOLHA - Qual sua opinião sobre o refúgio concedido pelo Brasil?
TORREGIANI
- É um absurdo.
Battisti disse que corre risco de vida na Itália, mas isso não é verdade. Ocorre que, se ele voltar, terá de pagar pelos crimes que cometeu.

FOLHA - Você acha que ele é um terrorista, um criminoso político?
TORREGIANI
- Ele não é um criminoso político. Foi classificado como terrorista, por ter sido condenado pelos roubos e assassinatos. Sustentam que fazia isso pelo comunismo. Para mim, ele era um criminoso comum.

FOLHA - O PAC era conhecido como grupo político?
TORREGIANI
- Nunca tinha ouvido falar. Depois soubemos que era um grupo armado que defendia o comunismo.


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