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Tarso sobe tom e diz que críticas à decisão de dar refúgio a italiano são "ideológicas"
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CANOAS
Um dia depois de presidente
Lula dizer que a Itália terá de
respeitar a concessão de status
de refugiado ao terrorista italiano Cesare Battisti, o ministro da Justiça, Tarso Genro, defendeu a decisão do governo
brasileiro e subiu o tom contra
seus críticos, a quem chamou
de "juízes ideológicos".
"A minha decisão está na esteira da tradição jurídica e política do país, e até agora eu não
vi nenhuma crítica à decisão
que eu tomei que não fosse uma
crítica ideológica", disse Tarso
em visita a Canoas (região metropolitana de Porto Alegre).
Ex-integrante da organização armada Proletários Armados pelo Comunismo, Battisti
foi condenado a prisão perpétua pela Justiça italiana por envolvimento em quatro homicídios no final dos anos 70.
Apesar dos apelos do país de
origem e do parecer do Conare
(Comitê Nacional para os Refugiados) pela extradição, Tarso
assinou portaria dando a Battisti o direito de viver no Brasil.
Tarso disse que abrigar Battisti está de acordo com a tradição do Brasil "de acolher os criminosos políticos ou aqueles
que são acusados de crimes políticos". Ele citou ditadores que
conseguiram asilo no país após
a queda de seus regimes.
"O general [paraguaio Alfredo] Stroessner, que não pode
ser dito que tinha bom coração
pelas acusações de tortura e assassinato nos cárceres de seu
governo, foi acolhido. O [ex-presidente de Portugal] Marcelo Caetano, da ditadura salazarista, também", exemplificou.
De acordo com o ministro, há
oposição contra o refúgio porque Battisti era um militante
esquerdista. "[Os críticos] são
juízes ideológicos, pessoas que
não analisam a questão de direito, analisam somente a questão política, porque o Battisti
era um revolucionário de extrema esquerda naquele período -posição que eu nunca
compartilhei na minha vida."
Sobre ter contrariado a posição do Itamaraty e de seu ministério no Conare, onde a tese
da extradição prevaleceu por 3
votos a 2, Tarso contou ter recomendado a um assessor, o secretário executivo Luiz Paulo
Barreto, que votasse contra o
refúgio em caso de empate.
"O conselho tem uma função
meramente consultiva. [Disse a
Barreto] para decidir na direção de não conceder [o refúgio],
porque não quero que pensem
que eu não tenho coragem política e decência moral para decidir um assunto conflituoso como esse", declarou.
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