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Foco
Índio dá aulas de guarani para sustentar sua aldeia em área nobre de Niterói
TAI NALON
DA SUCURSAL DO RIO
Para juntar forças na luta
por sua controvertida permanência no Parque Estadual da
Serra da Tiririca, em Niterói,
a aldeia Tekoá Mboy-ty oferece curso de guarani para
quem é de fora. As aulas, que
também fazem parte das atividades de sustento da aldeia,
são ministradas pelo líder indígena Darci Tupã.
Desde o início do segundo
semestre do ano passado, cerca de 20 alunos assistem a aulas na aldeia. Por R$ 40 ao
mês, Tupã ensina a falar e escrever em guarani através de
músicas, histórias e cânticos.
"Não é questão de atrair
pessoas que gostam da cultura indígena, mas de mostrar
que estamos aqui e queremos
mantê-la viva", diz Tupã.
A contadora de histórias
Priscila Camargo conta que
aprender guarani é uma forma de acessar registros brasileiros antigos. "É um desafio.
Estamos tentando botar no
papel uma cultura que é predominantemente oral", diz.
O guarani começou a ser
ensinado depois que um incêndio supostamente criminoso atingiu a aldeia, em julho de 2008. As aulas surgiram como uma reação ao fato.
Às margens da lagoa de
Itaipu e na beira da praia de
Camboinhas -um dos locais
mais valorizados da cidade-,
a aldeia tem 50 pessoas e trava com a Prefeitura de Niterói, o Instituto Estadual do
Ambiente, o Ministério do
Meio Ambiente e a Funai
uma batalha para permanecer na área.
Segundo Tupã, a pressão
pela retirada da aldeia tem
motivação econômica. "Eles
dizem que nos querem fora
daqui para conservar, mas sabemos que existem construtoras de olho no terreno".
Segundo o diretor de biodiversidade e áreas protegidas
do Inea (Instituto Estadual
do Ambiente), André Ilha,
uma unidade de conservação
ambiental não pode ter moradores fixos. "Somos a favor da
retirada negociada dos índios
e sua recolocação em outro
local", afirmou.
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