São Paulo, domingo, 17 de fevereiro de 2002

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De 15 indicadores, governadora teve desempenho superior ao do Nordeste em 9

Maranhão de Roseana cresce menos que Brasil e Nordeste

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A economia do Maranhão cresceu apenas cerca da metade da média da região Nordeste durante o período em que Roseana Sarney (PFL) governou esse Estado.
Dados oficiais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o Maranhão cresceu só 6,9%, contra 12,9% da região Nordeste no período de Roseana no governo de 1995 a 1999, anos para os quais há informações disponíveis.
Roseana tomou posse em 1º de janeiro de 1995. Desde o início de sua pré-candidatura a presidente, em agosto do ano passado, critica de forma velada a condução da política econômica do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Não é possível sustentar um projeto de país apenas garantindo a estabilidade de preços. Em primeiro lugar, é fundamental criar condições para o crescimento da economia", disse a governadora em uma entrevista publicada pela Folha em 30 de setembro passado.

O 2º pior PIB do Brasil
Apesar das críticas de Roseana, o Brasil cresceu mais do que o Maranhão nos anos em que a pefelista esteve no poder. Os dados consolidados de 95 a 99 demonstram que o PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas) acumulou uma alta de 11,53% nesse período. O PIB maranhense teve o segundo pior desempenho em todo o país nos anos de Roseana à frente do Estado. Perdeu até para o Piauí (13,14% de crescimento) e Alagoas (7,41%). Só não foi pior do que a variação do Rio Grande do Sul (3,71%).
O baixo crescimento econômico não foi o único problema da gestão de Roseana Sarney no Maranhão. Nos últimos dois meses, a Folha fez um extenso estudo de duas dezenas de indicadores socioeconômicos maranhenses e comparou os números com a média nordestina.
O resultado é negativo para Roseana, embora a pefelista consiga ser melhor do que seus antecessores no Estado em alguns indicadores. A principal constatação, no entanto, é que não procede uma afirmação repetida pela direção do PFL, e pela própria governadora, a respeito das condições de desenvolvimento do Maranhão -a de que o Estado é miserável, mas que melhorou mais do que a média do Nordeste e do Brasil.
Em sua propaganda na TV no dia 31 de janeiro, Roseana disse: "Eu faço no Maranhão um governo moderno. (...) Todos os indicadores sociais melhoraram, e a maioria deles, acima da média brasileira". Não está correta essa afirmação.
Há três provas de que é improcedente a afirmação da governadora pefelista. São os resultados do Maranhão em saneamento básico (esgoto), água encanada e erradicação do analfabetismo.
A pefelista fracassou em todos esses indicadores. No caso do analfabetismo, usa números fragmentados que a favorecem (por exemplo, a redução da taxa em uma parcela específica da população). Mas os grandes indicadores dessa área, no entanto, demonstram que o Maranhão foi mal no período da governadora pefelista.
Para não haver dúvidas, a Folha buscou três indicadores de analfabetismo. O primeiro deles, o mais clássico, é o que mede a incapacidade de ler e escrever na população acima de 15 anos. Há no Maranhão 28,80% de analfabetos nessa faixa etária. No Nordeste, o percentual é menos pior: 26,60%. Nos seus anos de governo, Roseana reduziu em 9,15% essa taxa. No Nordeste, a queda foi de 12,79%. No Brasil, o percentual de queda foi de 14,19%. Em resumo: o Maranhão está pior e teve um desempenho abaixo das médias nordestina.e brasileira.
Outro indicador importante é o de analfabetismo funcional. Mede o número de pessoas que chegaram a estudar um pouco, mas ficaram menos de quatro anos na escola. Quem estuda pouco tem menos chances de manter os ensinamentos de forma perene.
Há no Maranhão 52,80% de analfabetos funcionais. No Nordeste, 46,20%. A taxa no Maranhão, durante o governo Roseana, caiu 8,49%, contra 11,66% da média nordestina.
Finalmente, para a população acima de cinco anos (indicador que ajuda a medir a entrada de crianças no sistema de ensino), o analfabetismo no Maranhão é de 32%. No Nordeste, é de 28,93%. A queda dessa taxa nos anos de Roseana foi de 15,80%, contra 16,80% da média nordestina.
É verdade que, entre os 15 indicadores selecionados pela Folha, Roseana teve um desempenho superior ao do Nordeste em nove. Foi pior em seis deles. Esse placar, porém, dá a falsa impressão de que a pefelista foi melhor do que a média nordestina.

Ruim na função de governo
Ocorre que, dos 15 indicadores escolhidos, apenas sete são diretamente dependentes de ação direta do Estado. Nesse grupo, Roseana perde de 5 a 2. Os casos mais dramáticos são água e esgoto.
No caso da água encanada (o percentual de casas com, pelo menos, uma torneira interna), o Maranhão de Roseana acabou tendo uma redução desse indicador.
Ela começou com 31,38% dos domicílios com água encanada, segundo dados de 95 do IBGE. Hoje, conforme o Censo 2000, há apenas 30,67% de casas com essa facilidade. Uma queda de 2,26%.
No caso de casas ligadas à rede de esgoto, só 9,21% dos domicílios do Maranhão têm esse serviço. No Nordeste, 25,11%. É fácil perceber por que a oferta de rede de esgoto é pequena e cresce pouco no Maranhão. Dados do Tesouro mostram que o Estado governado por Roseana aplica muito menos do que média nordestina nessa área, conforme fica explícito no gráfico abaixo.



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