São Paulo, terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

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PAINEL

Ajuda externa
O Planalto procurou governadores para que convençam parlamentares sob sua influência a não endossar o pedido de CPI sobre o caso Waldomiro Diniz. Pelo menos dois receberam telefonemas do próprio Lula.

Terapia intensiva
Sílvio Pereira, dirigente petista que domina o mapa dos cargos federais, instalou-se em Brasília, onde passará os próximos 15 dias. Auxiliará o governo na tarefa de ameaçar aliados que manifestarem inclinação pró-CPI.

Os bons companheiros
Defensor da CPI, Eduardo Suplicy subiu a rampa do Congresso ontem ao lado de José Dirceu. Inimigo do senador, o ministro-chefe da Casa Civil recebeu-o com expressão ainda menos amistosa que a de costume.

Acerto de contas
Desafetos de Suplicy enxergam em seu apoio à CPI do caso Waldomiro Diniz uma represália à articulação capitaneada por Dirceu para impedir que ele se recandidate ao Senado em 2006.

Fratura pefelista
Placar da bancada do PFL no Senado: oito votos pró-CPI, seis contra e três indefinidos.

Túnel do tempo 1
"Eu diria que o presidente está tomando posição covarde. Quem não deve não teme." Lula, em 2000, sobre o esforço de FHC para evitar CPI sobre as denúncias contra Eduardo Jorge.

Túnel do tempo 2
"Se o governo barrar a CPI, ficará marcado pelo medo de uma investigação mais profunda." José Genoino, em 1997, sobre a compra de votos para aprovar a emenda da reeleição.

Campanha sob suspeita
Com ou sem CPI, petistas avaliam que minguaram as chances de Geraldo Magela assumir o governo do DF na hipótese de afastamento de Joaquim Roriz.

Divulgação seletiva
Marta Suplicy, que briga na Justiça pela municipalização dos serviços de saneamento, encomendou pesquisa de opinião a respeito da Sabesp. O resultado -72% de aprovação à empresa controlada pelo governo estadual- não foi divulgado.

Pistola de água
Responsável pela pesquisa na prefeitura paulistana, André Castro diz que o material tinha "intuito interno". Aproveita para criticar o governo Alckmin: "O racionamento iminente na Grande SP é reflexo da má gestão e da falta de investimentos".

Lenha na fogueira
Afastado do cargo por 21 dias devido a um tumor no rim, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PSB), reassume hoje. Vai procurar Lula em busca de apoio para reverter a decisão do Cade, que proibiu a compra da Garoto pela Nestlé.

Dupla voltagem
A ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, tem recebido em seu gabinete senadores da oposição. Quer convencê-los a apoiar as duas MPs do setor elétrico que tramitam no Senado. Já estiveram por lá o tucano Tasso Jereissati e os pefelistas ACM e Rodolpho Tourinho.

Sem pressa
Depois de ter sido votado em regime de urgência na Câmara dos Deputados, o projeto de lei da biossegurança está parado há uma semana no Senado. Nem os relatores das comissões foram designados pelas bancadas.

Duas mãos
O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, ainda busca formar uma chapa de consenso com seu desafeto Roberto Freire para comandar o PPS. Se não houver acordo, ameaça lançar chapa própria. A convenção ocorrerá em março.

TIROTEIO

Do advogado Miguel Reale Júnior, ministro da Justiça de FHC, sobre a tentativa petista de negar relação entre o caso Waldomiro Diniz e o governo Lula:
-Dizer que não tem nada a ver com o atual governo é um sofisma. O tipo de financiamento que se busca indica o tipo de comprometimento que se cria, inclusive por quem era chamado de "ministro". Há necessidade de uma ampla apuração.

CONTRAPONTO

Teoria Joãosinho Trinta

No jantar de comemoração dos 24 anos do PT, realizado há uma semana na casa do presidente da Câmara, João Paulo Cunha, o clima descontraído deu margem a toda sorte de piadas e histórias sobre o passado político dos convidados.
Em determinado momento, quando o assunto eram dificuldades em disputas eleitorais, o presidente Lula lembrou-se de sua campanha ao governo do Estado de São Paulo em 1982.
"Vote em Lula, ex-engraxate, ex-pintor, ex-sindicalista, ex-preso político. Um brasileiro igual a você", vendia uma das peças de propaganda do petista. A eleição foi vencida por Franco Montoro, então no PMDB.
O presidente disse ter levado anos para descobrir o que havia de errado com aquele anúncio:
-O que o povo queria mesmo era ser igual ao Eduardo Suplicy, de família rica. Ninguém queria ser igual a mim.


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