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JANIO DE FREITAS
Perguntas iniciais
Duas perguntas se apresentam preliminarmente no
caso subchefe de Assuntos Parlamentares do Planalto e sua
ação gravada de improbidade.
Uma diz respeito ao Congresso onde Waldomiro Diniz vinha
atuando em nome da Presidência da República. Outra relaciona-se à investigação propriamente, seja policial, parlamentar ou do Ministério Público.
O poderoso instrumento de
democracia que são as CPIs está
desmoralizado. Tantas foram as
CPIs que o governo Fernando
Henrique impediu -a começar
da relativa ao tráfico de influência dentro do próprio Planalto
para corromper a licitação bilionária do Sivam, ainda ao início do primeiro mandato- e
tamanho o despudor com que
invalidaram a CPI afinal criada, a do Banestado, que cabe
perguntar: seria o atual Congresso capaz de reabilitar o instrumento das CPIs? Esse Congresso, cuja maioria está sob
controle do governo, dependendo só dos acertos de favorecimento a cada votação?
É pelo menos discutível que a
ação de Waldomiro Diniz no
governo fluminense de Benedita
da Silva, tal como conhecida até
agora, justifique uma CPI na
Câmara ou no Senado. Se houver CPI, é mais do que discutível
a probabilidade de mostrar eficiência. A menos que lhe sobrevenham situações muito inesperadas.
A outra pergunta volta-se para a investigação já determinada, a da Polícia Federal. É simples, mas fundamental.
Sabe-se, pelo próprio vídeo,
que foi do tal Carlinhos Cachoeira a providência de gravar
a conversa em que Waldomiro
Diniz lhe pede dinheiro. A partir
dessa certeza, qualquer que tenha sido o percurso do vídeo até
a divulgação ele saiu, antes de
mais nada, da "reserva técnica"
do mesmo Cachoeira. O que só
se explica pelo não-recebimento
de algo pago, entendendo-se
que o único motivo para a gravação clandestina era a eventual necessidade de vingar uma
traição ao acordo.
A primeira resposta que a investigação policial precisa dar é
esta: o que foi pago e não foi recebido por Carlinhos Cachoeira? Os interesses de Cachoeira,
por exemplo como controlador
de bingos, negócio que voltou a
viver dificuldades de ordem legal, não se limitam ao Estado do
Rio. A pergunta é a primeira
chave para indicar se Waldomiro Diniz continuou fazendo tráfico de influência como integrante da equipe da Presidência. Ou seja, é questão fundamental para os desdobramentos
do caso no Congresso e no governo.
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