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QUESTÃO INDÍGENA
Ruralista leva tiro na cabeça; 6 pessoas, já soltas, foram feitas reféns
Fazendeiro é assassinado em confronto com índios em SC
MAYRA STACHUK
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
Um fazendeiro foi morto e seis
pessoas foram feitas reféns durante um conflito entre índios e
ruralistas em Abelardo Luz (SC).
Na manhã de ontem, dois dos
seis reféns foram libertados. Após
negociações, os índios liberaram
os outros quatro reféns, já de noite. Os indígenas continuavam
acampados na região do conflito
até o fechamento desta edição.
Segundo a Polícia Federal, na
madrugada de ontem, cerca de
200 caigangues e guaranis que organizavam um protesto para exigir a homologação de uma reserva indígena entraram em conflito
com fazendeiros. Na região de
Toldo Embu, no município de
Abelardo Luz, os índios bloquearam o acesso a uma fazenda.
O fazendeiro Olisses Stefani, 52,
foi morto com um tiro na cabeça
quando tentava atravessar o bloqueio. A polícia não confirma que
o tiro que matou o fazendeiro tenha sido disparado por um índio.
Stefani era presidente do Sindicato dos Ruralistas de Abelardo
Luz e membro da Faesc (Federação da Agricultura do Estado de
Santa Catarina), que acusa os índios de terem feito o disparo.
Segundo Enori Barbieri, um dos
diretores da Faesc, os índios que
estão no local foram coordenados
pelo Cimi (Conselho Indigenista
Missionário) e pela Funai (Fundação Nacional do Índio) para
realizar o protesto.
O coordenador do Cimi em
Chapecó, Cléber Buzatto, negou a
versão dos ruralistas. "Os índios
se organizaram por conta própria
para brigar pelas terras. É um absurdo essa acusação de que o Cimi ou a Funai estariam incentivando esse tipo de conflito."
Segundo ele, a região de Toldo
Embu faz parte de uma reserva
indígena de 16 mil hectares em
Santa Catarina. Buzatto afirma
que o relatório de delimitação da
área foi publicado no "Diário Oficial" do Estado em 2002 e a Funai
já o encaminhou para o Ministério da Justiça, responsável pela
homologação da região como
uma reserva indígena. A região de
Toldo Embu tem 1.975 hectares,
mas os cerca de 150 índios que vivem ali ocupam nove hectares.
Mércio Pereira Gomes, presidente nacional da Funai, disse que
um dos fatores que contribuíram
para a morte do fazendeiro foi a
presença no local do conflito de
índios de outra tribo -Mangueirinha, do Estado do Paraná.
O presidente, assim como Buzatto, negou a acusação da Faesc.
Segundo a assessoria do Ministério da Justiça, a área de Toldo
Embu passa pela fase de declaração, na qual o ministério analisa
os estudos sobre a área elaborados pela Funai. Para ser homologada como reserva indígena, deve
passar por mais duas fases, as de
demarcação e homologação.
Japorã
Um dia após o índio Délcio Lemes, 36, ser baleado na aldeia de
Porto Lindo, em Japorã (MS), índios tentaram bloquear uma rodovia, mas recuaram depois que
representantes da Funai chegaram à área para negociar, de acordo com um dos líderes indígenas,
Gumercindo Fernandes.
A situação estava tranqüila ontem, segundo a Funai e as polícias
Civil e Federal do município vizinho de Iguatemi.
Além de Lemes, uma mulher
também foi ferida no ombro com
uma foice. Os dois estão fora de
perigo. O incidente teve início depois que funcionários de fazendeiros foram até a aldeia buscar
cavalos supostamente furtados
durante as invasões.
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