São Paulo, sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

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Investimento procura conquistar consumidores jovens, diz empresa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do grupo Telemar, Ronaldo Iabrudi, diz que o investimento em produção e patrocínio nos programas da Gamecorp atendem a uma decisão estratégica da operadora de celulares Oi. "Essa filosofia é antiga e foi desenvolvida no ano 2000", diz ele.
Segundo Iabrudi, ao focar o mercado de consumidores jovens, a Oi pretende criar hábitos que "fidelizem" esse usuário. As pessoas que são aficionadas por videogame são um alvo dessa estratégia -daí a razão de a Telemar investir na Gamecorp.
O presidente da empresa explica que todas as telefônicas têm o que é conhecido no mercado como alta taxa de "churn", expressão em inglês usada no sentido de designar os clientes que param de usar um determinado serviço.
Na Oi, cerca de 25% dos usuários em 2005 abandonaram os serviços da operadora. "E o nosso "churn" é um dos mais baixos do mercado." Calcula-se que 25% de usuários perdidos pela Oi em 2005 representaram cerca de R$ 250 milhões a menos de receita para a companhia. A necessidade de repor essa massa de consumidores exige novos investimentos.
A forma de combater a evasão de usuários é tentar habituá-los ao máximo ao produto. A Gamecorp e os programas sobre videogame atingiriam o consumidor jovem. Ao assistir às produções na TV Bandeirantes e na Mix TV, o usuário da Oi ficaria interessado em acessar serviços pelo celular, como protetor de tela, sons de clipes de um determinado jogo eletrônico, "ringtones" (sons de campainha). Além de pagar por esses serviços, o cliente da telefônica também se tornaria mais fiel.

Conteúdo
A Telemar diz não estar interessada em produzir conteúdo. Por essa razão teria de fazer parcerias com empresas como a Gamecorp. "Isso é comum em países desenvolvidos, como o Japão e os Estados Unidos", diz Iabrudi. A diferença é que nesses países já há empresas de porte à disposição para fornecer conteúdo.
O gasto da Telemar com publicidade, patrocínios e produção em 2005, diz Iabrudi, ficou próximo a R$ 296 milhões. Ele refuta a tese segundo a qual a Telemar estaria apenas fazendo um agrado ao governo quando investe em publicidade nos programas da empresa do filho de Lula.
"O valor é muito pequeno perto do total investido. Em relação ao que se gasta com patrocínio e produção, são apenas 6,7%. Em relação ao total investido é só 1,7%", diz Iabrudi. Ele cita, por exemplo, os gastos com patrocínio na TV Globo, de R$ 24,9 milhões anuais -esse valor demonstra, entretanto, que a Telemar gasta na Gamecorp o equivalente a 20% do que investe na Globo, a maior rede do país, a cada ano.
Iabrudi apresenta dados do Ibope sobre a audiência, argumentando que o público alvo vem sendo atingido. No mesmo horário em que o programa de 30 minutos da Gamecorp vai ao ar no sábado à noite na Bandeirantes, a MTV perde. É 0,92 ponto da Bandeirantes contra 0,18 ponto da MTV, na média do Ibope.
A Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto não se pronunciou sobre o assunto até a conclusão desta edição.

Outras empresas
Procurada pela Folha, a Sadia informa que comprou inserções publicitárias no programa de games Gamecorp em 2005. Porém a veiculação ocorreu em períodos intercalados, de forma não contínua, e não é feita mais desde o final de 2005, segundo a assessoria de imprensa da companhia, que não revela os valores investidos.
A Gradiente diz que não é mais patrocinadora da grade dos programas da Gamecorp. A companhia não deu detalhes sobre o prazo do contrato com a Bandeirantes ou volume gasto em publicidade nos programas.
Assim como a Gradiente, a Schincariol diz que não mantém mais relações comerciais com a Gamecorp. Segundo a empresa, há mais de um ano foram feitas ações de mídia nos programas na TV, mas as campanhas não são mais veiculadas. A empresa não informou o período de duração da ação ou valor investido.
A Microsoft, que não comenta o valor aplicado em mídia na TV, informou que veicula propaganda nos intervalos dos programas. Ressalta que, como os jogos de games tem relação direta com a marca Microsoft -que tem jogos para PCs-, tornou-se interessante promover o nome da empresa na grade de programação.


Colaborou a Reportagem Local

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