São Paulo, Quarta-feira, 17 de Fevereiro de 1999
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Fiscalização mudou em 1994

da Agência Folha, em Recife

A gestão do general Newton Rodrigues, que ficou na superintendência da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) do início de 1994 a abril de 1998, funcionou como uma espécie de intervenção na administração do Finor (Fundo de Investimento do Nordeste).
Rodrigues tomou ações consideradas "moralizadoras", criando um sistema impessoal de repasse de recursos.
O general impôs fiscalizações trimestrais às obras (antes, eram anuais) e deixou de fornecer recursos para 328 empresas que não davam respostas ao novo método adotado pelo fundo.

"O carrasco"
Rodrigues ficou conhecido entre empresários e políticos nordestinos como "o carrasco do Finor", por ter eliminado o critério político na liberação de recursos.
Isso fez com que empresários entrassem com ações judiciais contra a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste.
Os empresários reclamam que o general contingenciou repasses provocando perdas para os investidores.
Quatro empresários ouvidos pela Agência Folha, que pediram para não ter seus nomes divulgados, alegando temer eventuais represálias, estão com ações judiciais contra a Sudene.
Os empresários cobram, em síntese, uma redução da participação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste nos empreendimentos. Como o Finor financia até 40% dos negócios, as ações judiciais tentam reduzir para até 9% a participação federal nas empresas.
As ações do general Rodrigues levaram a superintendência a conseguir recordes de aproveitamento dos recursos investidos pelo Finor, segundo aponta a auditoria do Tribunal de Contas da União.
Em 1994, por exemplo, primeiro ano do novo monitoramento do fundo imposto pelo general Rodrigues, foram concluídas 36 empresas. Já, em 1996, foram concluídas 74 empresas.
Em 1998, ano em que o general Rodrigues dividiu com o tucano Sérgio Moreira a administração da superintendência, foram concluídas 123 empresas, que criaram 80 mil novos postos de trabalho na região do Nordeste.
"Continuei o trabalho do general no Finor, que precisa deixar de ser um fundo que trabalhe com o desenvolvimento isolado, para ser o grande articulador de empreendimentos que criem o desenvolvimento integrado da região", afirmou Moreira, que segue no cargo no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso.

Peso fiscal
Dados oficiais mostram que 30% de todo o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do Nordeste é proveniente de empresas financiadas e incentivadas pelo Finor.
No caso do Piauí, 95% do ICMS gerado no Estado, o principal tributo estadual, vem de empresas incentivadas pelo fundo.
Todos os pólos de excelência tecnológica do Nordeste foram construídos com incentivos gerados pelo Finor.
Os mais conhecidos são o Pólo Petroquímico da Bahia e o centro exportador de frutas existente em Petrolina (Pernambuco) e Juazeiro (Bahia).
(ARI CIPOLA)




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