DA REPORTAGEM LOCAL

Nos últimos dias, começou a ser levada mais a sério dentro do PT uma hipótese até então considerada delirante: Eduardo Suplicy como vice na chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva.
A possibilidade ganhou força em razão da mudança na conjuntura eleitoral provocada pelo Tribunal Superior Eleitoral, que determinou a padronização das coligações partidárias nas esferas federal e estadual.
A vaga de vice de Lula sempre esteve reservada ao senador José Alencar (PL-MG), industrial milionário que daria à chapa o charme do metalúrgico unido ao empresário.
A decisão do TSE de "padronizar" as coligações nas esferas nacional e estadual, no entanto, mudou o jogo. As restrições incontornáveis de PT e PL em alguns Estados comprometeram a aliança nacional.
O PT, assim, poderá ter de sair sozinho na eleição presidencial -ainda mais se o PSB mantiver a candidatura do governador do Rio, Anthony Garotinho.
Petistas da cúpula admitem que, dependendo da força de Suplicy na prévia, será um problema evitar que ele ganhe a vaga, caso a reivindique.
Poucos no PT duvidam que o senador teria interesse em compor a chapa majoritária. O problema é a direção partidária aceitar. "Não é a nossa idéia. Queremos aliança com outros partidos", diz o presidente do PT, José Dirceu.
O PT quer alguém que amplie o eleitorado de Lula -de preferência de outro partido, outra camada social e outra região do país. Suplicy tem a desvantagem de ser da mesma legenda e politicamente do mesmo Estado de Lula, São Paulo. Mas poderia argumentar que é proveniente da elite brasileira, o que ampliaria, em tese, o eleitorado de Lula.
Questionado sobre a possibilidade, Suplicy desconversa: "Não estou pensando nisso. Meu único pensamento é o de vencer a prévia." Com ironia, sugere uma inversão de papéis, com Lula como o seu candidato a vice: "Por que não?" (FÁBIO ZANINI E PLÍNIO FRAGA)



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