São Paulo, domingo, 17 de março de 2002

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Troca de acusações dá o tom de consulta petista no Sul

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O PT gaúcho realiza sua prévia hoje para a definição do candidato ao governo do Rio Grande do Sul sob clima de rompimento entre os pré-candidatos -o governador Olívio Dutra e o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro.
Sempre citando agressões de que teriam sido vítimas, os dois líderes petistas protagonizam um racha que preocupa a Executiva Nacional, pois o Estado é uma das principais vitrines do partido.
O tom de disputa interna começou a transparecer quando Tarso se queixou da forma "stalinista" com que o governo agia.
Da parte de Olívio, o chefe da Casa Civil, Flávio Koutzii, tradicional moderador interno, disse temer que pesquisa encomendada pelo grupo do prefeito, mostrando alto índice de rejeição ao governador (58%), pudesse representar a ""roseanização" do PT.
Koutzii se referia à governadora Roseana Sarney (PFL-MA), que teve sua pré-candidatura a presidente, segundo ele, inflada pelos dados de pesquisa de opinião.
O nível da disputa levou o presidente regional do PT, David Stival, a repreender publicamente as duas pré-candidaturas. Em nota distribuída na quinta, ele diz: "A extrapolação da palavra e de condutas individuais e coletivas, nesta semana, coloca em risco o que até aqui havíamos alcançado e a unidade do partido".
O deputado estadual Elvino Bohn Gass, do grupo de Olívio, disse que enviaria pedido à direção do PT para que a comissão de ética investigue os "fortes indícios de manipulação" na pesquisa encomendada pelo grupo de Tarso.
Chegou a ser solicitada, pelo grupo do prefeito, a presença de representante do diretório nacional para monitorar a prévia no Estado. O diretório respondeu que a atribuição é do PT gaúcho.
A animosidade mútua existe desde o tempo em que Olívio era prefeito de Porto Alegre e Tarso era o seu vice (de 89 a 92) e foi acirrada na prévia de 98, quando Olívio derrotou Tarso.
Publicamente, nos últimos dias, os dois pré-candidatos adotaram a política de evitar confrontos. Ambos fizeram um último debate na noite de anteontem, em Santa Maria. Pouco antes, Olívio disse que ""o PT vive um período rico de pluralidade". Tarso afirmou que o acirramento da disputa ""faz parte do processo democrático" e que o partido sairá da prévia unido.

Panfletos
Um panfleto de apoio a Olívio resumiu em seis pontos o que significaria a vitória de Tarso na prévia. A renúncia ao cargo de prefeito, exigência da Lei Eleitoral, foi o alvo dos ataques à candidatura.
""Tarso será cobrado constantemente pelas afirmativas públicas de que cumpriria o mandato de quatro anos [na prefeitura". A sua renúncia política para concorrer ao governo será utilizada como descaso para com a população que acabou de o eleger prefeito."
O grupo de Tarso contra-atacou: ""Não seria tarefa impossível encontrar seis, sete ou mais motivos para atacar o companheiro Olívio Dutra. (...) [O panfleto" é um manifesto de ataque sectário, despolitizado, porque sustentado em insinuações maldosas, voltado para disseminar preconceitos e tentar manchar publicamente a imagem de um companheiro".



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