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Troca de acusações dá o tom de consulta petista no Sul
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O PT gaúcho realiza sua prévia
hoje para a definição do candidato ao governo do Rio Grande do
Sul sob clima de rompimento entre os pré-candidatos -o governador Olívio Dutra e o prefeito de
Porto Alegre, Tarso Genro.
Sempre citando agressões de
que teriam sido vítimas, os dois líderes petistas protagonizam um
racha que preocupa a Executiva
Nacional, pois o Estado é uma das
principais vitrines do partido.
O tom de disputa interna começou a transparecer quando Tarso
se queixou da forma "stalinista"
com que o governo agia.
Da parte de Olívio, o chefe da
Casa Civil, Flávio Koutzii, tradicional moderador interno, disse
temer que pesquisa encomendada pelo grupo do prefeito, mostrando alto índice de rejeição ao
governador (58%), pudesse representar a ""roseanização" do PT.
Koutzii se referia à governadora
Roseana Sarney (PFL-MA), que
teve sua pré-candidatura a presidente, segundo ele, inflada pelos
dados de pesquisa de opinião.
O nível da disputa levou o presidente regional do PT, David Stival, a repreender publicamente as
duas pré-candidaturas. Em nota
distribuída na quinta, ele diz: "A
extrapolação da palavra e de condutas individuais e coletivas, nesta semana, coloca em risco o que
até aqui havíamos alcançado e a
unidade do partido".
O deputado estadual Elvino
Bohn Gass, do grupo de Olívio,
disse que enviaria pedido à direção do PT para que a comissão de
ética investigue os "fortes indícios
de manipulação" na pesquisa encomendada pelo grupo de Tarso.
Chegou a ser solicitada, pelo
grupo do prefeito, a presença de
representante do diretório nacional para monitorar a prévia no Estado. O diretório respondeu que a
atribuição é do PT gaúcho.
A animosidade mútua existe
desde o tempo em que Olívio era
prefeito de Porto Alegre e Tarso
era o seu vice (de 89 a 92) e foi
acirrada na prévia de 98, quando
Olívio derrotou Tarso.
Publicamente, nos últimos dias,
os dois pré-candidatos adotaram
a política de evitar confrontos.
Ambos fizeram um último debate
na noite de anteontem, em Santa
Maria. Pouco antes, Olívio disse
que ""o PT vive um período rico de
pluralidade". Tarso afirmou que o
acirramento da disputa ""faz parte
do processo democrático" e que o
partido sairá da prévia unido.
Panfletos
Um panfleto de apoio a Olívio
resumiu em seis pontos o que significaria a vitória de Tarso na prévia. A renúncia ao cargo de prefeito, exigência da Lei Eleitoral, foi o
alvo dos ataques à candidatura.
""Tarso será cobrado constantemente pelas afirmativas públicas
de que cumpriria o mandato de
quatro anos [na prefeitura". A sua
renúncia política para concorrer
ao governo será utilizada como
descaso para com a população
que acabou de o eleger prefeito."
O grupo de Tarso contra-atacou: ""Não seria tarefa impossível
encontrar seis, sete ou mais motivos para atacar o companheiro
Olívio Dutra. (...) [O panfleto" é
um manifesto de ataque sectário,
despolitizado, porque sustentado
em insinuações maldosas, voltado para disseminar preconceitos
e tentar manchar publicamente a
imagem de um companheiro".
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