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SALÁRIO MÁXIMO
Reajuste pode chegar a 43,75%; custo será de R$ 103 mi à União
Sem votar, Câmara aumenta
verba de gabinete em 25%
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Duas semanas depois do fracasso da tentativa de aumento salarial para os deputados federais, a
Mesa Diretora da Câmara decidiu
ontem, por unanimidade, baixar
uma medida que resultará no reajuste de 43,75% na remuneração
média dos assessores contratados
para os gabinetes dos deputados.
O custo para os cofres públicos
com o reajuste da chamada "verba de gabinete" será de R$ 103 milhões ao ano. A medida será administrativa, ou seja, não passará
por votação no plenário.
Com isso, cada um dos 513 deputados poderá ter por mês R$
50,8 mil para pagar salários de até
20 assessores para seu gabinete.
Esses assessores são contratados
sem concurso.
A decisão foi tomada em reunião da Mesa presidida pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). No cargo desde 15
de fevereiro, o deputado tentou
sem sucesso elevar o salário de deputados e senadores dos atuais R$
12.847 para R$ 21.500.
Na reunião de ontem, ficou definido que será publicado hoje um
"Ato da Mesa" que eleva em 25%
a verba de gabinete, fazendo com
que ela suba de R$ 35.350 para R$
44.187. Como o Senado está para
aprovar um reajuste de 15% para
o funcionalismo da Câmara, a
verba atingirá R$ 50,8 mil, 43,75%
a mais do que o valor atual.
A Mesa anterior, de João Paulo
Cunha (PT-SP), já havia deixado
projeto de resolução que elevava a
verba para R$ 45 mil.
"É necessário um ato prévio de
moralidade da Mesa para evitar
que esses recursos cheguem na
mão dos deputados, seja por meio
da contratação de familiares ou de
"laranjas". Há deputados que
usam de vários expedientes para
engordar sua própria renda familiar", afirmou o deputado Chico
Alencar (PT-RJ).
De acordo com o 1º vice-presidente da Câmara, José Thomaz
Nonô (PFL-AL), possíveis artimanhas não podem servir de argumento para "prejudicar aqueles que trabalham pelo bem da sociedade". Nonô participou da
reunião e disse acreditar que a Câmara não agiu de forma incorreta.
"Tudo que for para melhorar o
desempenho da atividade parlamentar, para ter assessores de
melhor nível, é válido. (...) A Mesa
traduziu os anseios da Casa."
O fato é que a Mesa decidiu por
uma saída que evita a votação em
plenário. A idéia inicial era aumentar, além da verba, o limite de
assessores que cada deputado pode ter em seus gabinetes, de 20 para 25. Como a criação de cargos
necessita ser votada em plenário,
optou-se por aumentar apenas a
verba de gabinete.
O reajuste dos salários de deputados e senadores naufragou, entre outras coisas, devido à avaliação de que a proposta seria derrotada no voto, já que houve mobilização popular contrária.
Questionado, Severino disse
que o assunto estava "sendo estudado". "Não sei disso não. Existe
isso? Eu não assinei nada disso",
afirmou no início da tarde. A reunião ocorrera pela manhã.
"O PT sempre brigou para dar
boas condições ao exercício do
mandato, para a contratação de
bons assessores. Mas achamos
que as regras precisam ser mais
claras, definidas e transparentes
para a que a gente possa dialogar
melhor com a sociedade", afirmou Paulo Rocha (PA), líder da
bancada do PT na Casa.
Além da verba de gabinete e do
salário de R$ 12.847, os deputados
federais têm direito, todo mês, a
R$ 15 mil para manutenção de escritórios nos Estados, R$ 3.000 relativos a auxílio-moradia e mais
de R$ 15 mil para gastos com passagens aéreas, correios e telefone.
Em janeiro de 1995, a Câmara
desembolsava para cada deputado R$ 25,4 mil (R$ 60,4 mil, em
valores corrigidos) ao mês. Essa
soma, com o reajuste da verba de
gabinete, chegará a R$ 89,2 mil.
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