|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HERANÇA E OMISSÃO
Comissões na Câmara e no Senado vão investigar setor elétrico; senadores querem ainda apurar caso Waldomiro
Discurso de Lula faz surgir CPIs no Congresso
FERNANDA KRAKOVICS
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O discurso em que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva levantou
suspeitas em relação a privatizações feitas no governo passado resultou na criação de duas CPIs no
Senado e vai ser um dos pontos
centrais de outra que deve ser instalada hoje na Câmara.
A CPI da Câmara investigará as
privatizações no setor elétrico e
tem como motivação principal a
venda da Eletropaulo em 1998 à
norte-americana AES, que adquiriu, para isso, empréstimo de
US$ 1,2 bilhão do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social).
A empresa anunciou um calote
em 2003, mas acabou chegando a
um acordo com o banco. Lula teria se referido ao caso em seu discurso no Espírito Santo, no mês
passado, em que disse ter ouvido
relato de um "grande processo de
corrupção" na gestão anterior.
Por ter dito que mandou o assessor que lhe contou a história se
calar, Lula foi acusado pela oposição de acobertar suposta corrupção. O PSDB tentou questionar o
fato no STF e abrir processo na
Câmara, mas não teve sucesso.
No Senado, as duas CPIs criadas
têm o objetivo de investigar as
privatizações feitas no país entre
1990 e 2004 e o envolvimento de
Waldomiro Diniz, ex-funcionário
da Casa Civil da atual gestão, em
esquema de corrupção. O caso estourou no início do ano passado e
representou a principal crise política do atual governo.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), protocolou os dois requerimentos de CPI na Mesa Diretora com 30 assinaturas cada
um -são necessárias 27. Quatro
senadores da base aliada apoiaram os pedidos de investigação:
Maguito Vilela (PMDB-GO), Mão
Santa (PMDB-PI), Sérgio Cabral
(PMDB-RJ) e Pedro Simon
(PMDB-RS).
Os requerimentos foram lidos
ontem pela Mesa, mas para as
CPIs serem instaladas os líderes
precisam indicar seus integrantes,
o que pode não ocorrer.
A estratégia de Virgílio de recolher as assinaturas para as duas
CPIs ao mesmo tempo foi uma jogada política -a oposição concorda em investigar o governo
FHC (privatizações) desde que
também se examine a gestão petista (Waldomiro).
O líder do governo, senador
Aloizio Mercadante (PT-SP), porém, já deu sinal de que o Planalto
é contra a efetiva instalação das
CPIs. Ele alegou que o episódio
Waldomiro -acusado de cobrar
propina de um empresário de jogos- e das privatizações já foram
bastante investigados.
Câmara
Já na Câmara a CPI vai funcionar, pois todos os partidos indicaram integrantes. Ela havia sido
solicitada em julho de 2003 pelo
deputado João Pizzolatti (PP-SC)
justamente sob o argumento de
que era necessário investigar a
venda da Eletropaulo.
O governo foi pego de surpresa
com a indicação feita pelo PMDB,
em acordo com o presidente da
Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE), do deputado Wladimir Costa
(PMDB) para a relatoria. Apesar
de fazer oposição ao governo,
Wladimir é aliado ao grupo do líder da bancada peemedebista, José Borba (PR), além de ter a simpatia de Severino.
Texto Anterior: Dívida: Ministro do STF vê casuísmo em MP pró-Marta Próximo Texto: Será preciso novo presídio para tanta gente, diz relator Índice
|