São Paulo, sábado, 17 de março de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Nem vem

"Não vamos aceitar pedaço de ministério." Com essa frase, o deputado Luciano Castro (RR) manifesta, mais explicitamente do que seus correligionários haviam feito até agora, a insatisfação do PR diante da possibilidade de criação de uma Secretaria de Portos e Aeroportos para amansar o PSB, ameaçado de perder espaço na reforma de Lula. Tal pasta amputaria o Ministério dos Transportes, controlado pela sigla originária do PL. "Sempre fomos o partido mais fiel ao presidente desde sua primeira eleição", diz o líder da bancada na Câmara. Se o projeto da secretaria for concretizado, completa Castro, "declinaremos da oferta do ministério e vamos seguir nosso caminho".

Semeadura 1. A Fundação MT, criada por Odílio Balbinotti e pelo governador Blairo Maggi (PR), foi processada pela Embrapa, empresa pública subordinada ao Ministério da Agricultura, para o qual o deputado foi indicado.

Semeadura 2. Em 2000, a Embrapa rompeu contrato de sete anos com a fundação, sediada em Rondonópolis. Também recolheu seis variedades de sementes de soja que haviam sido desenvolvidas em parceria. A Embrapa processou a Fundação MT para garantir a propriedade das sementes e ganhou na Justiça.

Fica frio. Com base em experiências passadas, um perito em Lula aposta que o presidente tranqüilizou Odílio Balbinotti, o problemático deputado do PMDB indicado para ser ministro da Agricultura.

Se manca. Ao mesmo tempo, diz o perito, Lula despachou emissários para convencer o deputado a tomar a iniciativa de sair de cena.

Novilíngua. De José Dirceu, comentando em seu blog a troca de guarda na Justiça: "Boa sorte para o ministro Tarso Genro". A frase deve ser tomada pelo seu contrário.

Bandeira. No dia em quem Lula deu a largada na reforma ministerial, o site do PT resolveu se interessar pelo assunto turismo, que em breve estará sob a responsabilidade de Marta Suplicy: "Setor prevê crescimento de 29% em 2007", dizia uma manchete.

Blindagem. Com a memória fresca da atuação da dupla Garibaldi Alves-Efraim Morais na CPI dos Bingos, tão logo foi criada a comissão das ONGs, líderes governistas começaram a articular um candidato da base para administrar o circo. Por ora, o favorito é Flávio Arns (PT-PR).

Troco. Líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) já preparou estratégia caso a CPI das ONGs feche o cerco aos petistas ligados ao "dossiegate". Vai pedir a convocação do ex-governador Geraldo Alckmin para falar sobre denúncias nos convênios de ONGs que cuidavam de presídios em SP.

De tudo. Não é só a Infraero que ameaça dar dor de cabeça ao governo caso vingue a CPI do Apagão Aéreo. Se investigarem a Anac, vão encontrar até motorista lotado como assessor parlamentar, a pedido de ex-deputado.

Emparedado. Em pesada obstrução na Câmara, líderes dos partidos de oposição pretendem pressionar o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), com o calendário: a partir de segunda-feira, o pacote de medidas provisórias do PAC tranca a pauta de votações do plenário.

Gostinho. O nanico Partido dos Aposentados da Nação participou anteontem pela primeira vez da reunião do conselho político do governo. Foi também a última. Poucas horas depois, o TSE determinou sua fusão com o PTB.

Água na sopa. Aprovada a fusão, os cinco deputados do PAN terão de cancelar a festa que pretendiam fazer para finalmente inaugurar uma sede da sigla em Brasília.

Tiroteio

"O Partido da Frente Liberal é tão liberal que quer liberar a exploração sexual infantil".
Da deputada CIDA DIOGO (PT-RJ), sobre o fato de os oposicionistas terem obstruído a votação, entre outros, de projetos que punem com mais rigor a exploração sexual de crianças e adolescentes, em resposta ao movimento do governo para impedir a CPI do Apagão Aéreo.

Contraponto

Só para constar

Durante sua vitoriosa campanha para presidir a Assembléia paulista, o tucano Vaz de Lima gostava de repetir uma história para ilustrar sua preocupação em ser "cauteloso e realista" nas negociações com possíveis aliados.
Segundo o deputado, um conhecido seu, candidato a prefeito, recebeu certa vez os representantes de um partido disposto a apoiá-lo. Tão logo trocaram cumprimentos, o grupo lhe entregou uma extensa lista de reivindicações.
O homem assinou na hora. Encerrado o encontro, Vaz de Lima, espantado, observou:
-Mas o senhor nem leu!
-E daí? Não vou cumprir mesmo...


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