São Paulo, sábado, 17 de março de 2007

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PMDB se exime e Lula cogita rever indicação de Balbinotti

Petista elogia "jeitão" de fazendeiro, mas pede 48 horas para confirmá-lo ministro

Diante de denúncias contra deputado, Michel Temer disse ontem ao presidente que partido tem outros nomes para a Agricultura


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar de ter dito que gostou "do jeitão" de Odílio Balbinotti, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem ao comando do PMDB 48 horas para decidir se mantém ou não a indicação do deputado para o Ministério da Agricultura.
Em reunião ontem com o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), Lula acertou de ambos voltarem a conversar depois de amanhã. Diante das últimas notícias divulgadas sobre Balbinotti, Lula decidiu aguardar o noticiário dos próximos dias para confirmar em definitivo o deputado federal do PMDB do Paraná na pasta.
Após o final de semana, Lula e dirigentes do PMDB vão avaliar se será o caso de substituir Balbinotti antes mesmo de sua posse, prevista para quinta.
Desde o acerto para indicar Balbinotti, feito por Lula com a cúpula peemedebista na última quarta, surgiram notícias que questionam a lisura do patrimônio do deputado, o maior produtor de sementes de soja do país. Ele responde a inquérito sigiloso no STF em que é acusado de falsidade ideológica e crime contra a fé pública. A Folha publicou reportagem sobre o comportamento parlamentar do peemedebista nos últimos 12 anos.
O inquérito apura se houve falsidade ideológica em declaração que Balbinotti teria prestado ao Banco do Brasil para obter condições especiais de pagamento de empréstimos da década de 90. A polícia de Mato Grosso iniciou a investigação, enviada em 2006 ao Supremo.

Defesa
Anteontem, via PMDB, Lula recebeu dois documentos em defesa de Balbinotti. Num deles, o advogado do deputado diz que ele não teve responsabilidade por eventuais irregularidades em sua empresa. Em outro, com data de junho de 2005, o gerente da agência do Banco do Brasil de Alto Garças (MT) afirma que a única dívida contraída por ele "encontra-se liquidada na sua integralidade".
Em conversa com Lula e nas entrevistas, Balbinotti negou irregularidades e crimes.
"O tempo que o presidente pediu é para analisar por mais 48 horas essa indicação", disse o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO). "Houve a denúncia. Ele apresentou a defesa. Faremos a avaliação nas próximas horas", afirmou o líder peemedebista na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).
Temer disse ontem a Lula que, se ele estivesse incomodado com o noticiário negativo a respeito de Balbinotti, talvez fosse o caso de analisar uma troca imediata. O presidente do PMDB chegou a afirmar que desejava evitar desgaste para o governo, o partido e Balbinotti.
Segundo a Folha apurou, Lula disse: "Até gostei do jeitão dele. Vamos esperar segunda". Lula relatou a ministros que gostou de saber que Balbinotti, de "origem humilde", teve sucesso como empresário.
Na avaliação de Lula e Temer, se surgir uma acusação irrespondível, Balbinotti poderá ser trocado, mas a intenção ainda era lhe dar uma chance de esclarecimento até a posse.
O vice José Alencar afirmou que "todo homem público deve ser rigorosamente transparente" e defendeu que Balbinotti "aja de forma a convencer a sociedade" de sua inocência.
Temer lembrou Lula que Balbinotti estava numa lista de cinco nomes apresentada pela bancada do partido na Câmara. A aposta inicial era o também deputado Waldemir Moka (MS), mas Balbinotti venceu a disputa por conta de apoios de Roberto Rodrigues (ex-ministro da Agricultura) e dos governadores Roberto Requião (PR) e Blairo Maggi (MT).
A UDR (União Democrática Ruralista) sinalizou estar preocupada com a indicação de Balbinotti. Os ruralistas temem que idéias pró-MST e antitransgênicos de Requião influenciem o eventual ministro.
(EDUARDO SCOLESE, PEDRO DIAS LEITE, LETÍCIA SANDER E KENNEDY ALENCAR)

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