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PMDB se exime e Lula cogita rever indicação de Balbinotti
Petista elogia "jeitão" de fazendeiro, mas pede 48 horas para confirmá-lo ministro
Diante de denúncias contra deputado, Michel Temer
disse ontem ao presidente que partido tem outros
nomes para a Agricultura
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de ter dito que gostou
"do jeitão" de Odílio Balbinotti,
o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva pediu ontem ao comando do PMDB 48 horas para
decidir se mantém ou não a indicação do deputado para o Ministério da Agricultura.
Em reunião ontem com o
presidente do PMDB, Michel
Temer (SP), Lula acertou de
ambos voltarem a conversar
depois de amanhã. Diante das
últimas notícias divulgadas sobre Balbinotti, Lula decidiu
aguardar o noticiário dos próximos dias para confirmar em definitivo o deputado federal do
PMDB do Paraná na pasta.
Após o final de semana, Lula
e dirigentes do PMDB vão avaliar se será o caso de substituir
Balbinotti antes mesmo de sua
posse, prevista para quinta.
Desde o acerto para indicar
Balbinotti, feito por Lula com a
cúpula peemedebista na última
quarta, surgiram notícias que
questionam a lisura do patrimônio do deputado, o maior
produtor de sementes de soja
do país. Ele responde a inquérito sigiloso no STF em que é
acusado de falsidade ideológica
e crime contra a fé pública. A
Folha publicou reportagem sobre o comportamento parlamentar do peemedebista nos
últimos 12 anos.
O inquérito apura se houve
falsidade ideológica em declaração que Balbinotti teria prestado ao Banco do Brasil para
obter condições especiais de
pagamento de empréstimos da
década de 90. A polícia de Mato
Grosso iniciou a investigação,
enviada em 2006 ao Supremo.
Defesa
Anteontem, via PMDB, Lula
recebeu dois documentos em
defesa de Balbinotti. Num deles, o advogado do deputado diz
que ele não teve responsabilidade por eventuais irregularidades em sua empresa. Em outro, com data de junho de 2005,
o gerente da agência do Banco
do Brasil de Alto Garças (MT)
afirma que a única dívida contraída por ele "encontra-se liquidada na sua integralidade".
Em conversa com Lula e nas
entrevistas, Balbinotti negou
irregularidades e crimes.
"O tempo que o presidente
pediu é para analisar por mais
48 horas essa indicação", disse
o líder do PMDB no Senado,
Valdir Raupp (RO). "Houve a
denúncia. Ele apresentou a defesa. Faremos a avaliação nas
próximas horas", afirmou o líder peemedebista na Câmara,
Henrique Eduardo Alves (RN).
Temer disse ontem a Lula
que, se ele estivesse incomodado com o noticiário negativo a
respeito de Balbinotti, talvez
fosse o caso de analisar uma
troca imediata. O presidente do
PMDB chegou a afirmar que
desejava evitar desgaste para o
governo, o partido e Balbinotti.
Segundo a Folha apurou, Lula disse: "Até gostei do jeitão
dele. Vamos esperar segunda".
Lula relatou a ministros que
gostou de saber que Balbinotti,
de "origem humilde", teve sucesso como empresário.
Na avaliação de Lula e Temer, se surgir uma acusação irrespondível, Balbinotti poderá
ser trocado, mas a intenção
ainda era lhe dar uma chance
de esclarecimento até a posse.
O vice José Alencar afirmou
que "todo homem público deve
ser rigorosamente transparente" e defendeu que Balbinotti
"aja de forma a convencer a sociedade" de sua inocência.
Temer lembrou Lula que
Balbinotti estava numa lista de
cinco nomes apresentada pela
bancada do partido na Câmara.
A aposta inicial era o também
deputado Waldemir Moka
(MS), mas Balbinotti venceu a
disputa por conta de apoios de
Roberto Rodrigues (ex-ministro da Agricultura) e dos governadores Roberto Requião (PR)
e Blairo Maggi (MT).
A UDR (União Democrática
Ruralista) sinalizou estar preocupada com a indicação de Balbinotti. Os ruralistas temem
que idéias pró-MST e antitransgênicos de Requião influenciem o eventual ministro.
(EDUARDO SCOLESE, PEDRO DIAS LEITE, LETÍCIA SANDER E KENNEDY ALENCAR)
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