São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008

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ENTREVISTA DA 2ª

MARCELO CRIVELLA E FERNANDO GABEIRA

Crivella e Gabeira temem um racha social no Rio

Os principais pré-candidatos à Prefeitura do Rio estão em pólos ideológicos opostos

COM CHANCES de sair na frente na disputa pela Prefeitura do Rio, o senador Marcelo Crivella (PRB), 50, e o deputado federal Fernando Gabeira (PV), 67, a princípio são a antítese política perfeita um do outro. Crivella tem base eleitoral nas áreas de menor renda e escolaridade, é lulista, milita contra o aborto e a descriminação das drogas e vê risco de uma "ditadura gay". Gabeira se sai melhor nas áreas de maior riqueza e escolaridade, flerta com tucanos e milita pela legalização do aborto, a descriminação das drogas, e pela criminalização da homofobia. Mas os dois têm a uni-los a falta de experiência administrativa e o discurso de que não interessa a ninguém uma cidade partida.

PLÍNIO FRAGA
DA SUCURSAL DO RIO

Marcelo Crivella, que busca aliar-se a PTB e PT do B, pretende superar o trauma de duas derrotas (a prefeito do Rio em 2004 e a governador em 2006) seguindo o presidente Lula em inaugurações de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em comunidades pobres e no marketing político.
Anunciou que convidou o publicitário Duda Mendonça para a campanha. "Os derrotados aprendem com os suplícios que o povo lhes impõe. Nas campanhas anteriores, era um novato isolado e menos preparado."
Crivella pretende centrar o discurso nas camadas de baixa renda e propor o uso de mão-de-obra de áreas pobres em serviços pagos pela prefeitura.
Gabeira faz libelo contra a cidade partida e as relações políticas dilaceradas. "A zona sul, elitista, escolarizada, com renda contra a zona norte, pobre, desinformada, evangélica é uma caracterização muito simplificadora. As forças que me apóiam têm penetração também nesses setores. Sou um candidato zona sul pronto para entrar nos morros."
Aliado a PSDB e PPS, Gabeira têm o apoio dos governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), mas diz que aceita negociar tanto com Lula quanto com o governador Sérgio Cabral (PMDB). "A política chegou a um nível de degradação que a própria democracia está ameaçada."
Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal, defende os processos que mais de 70 fiéis têm movido contra a Folha por reportagem que relatava a extensão do império econômico do grupo e diz que não houve orquestração. "Mas deveriam ser reunidas numa só ação".
O quadro sucessório no Rio está indefinido. O prefeito Cesar Maia (DEM) apóia a deputada Solange Amaral e Cabral, o secretário estadual de Turismo e Esporte, Eduardo Paes (PMDB). O PT fará prévias entre o deputado estadual Alessandro Molon (PT) e o ex-deputado Vladimir Palmeira. O PCdoB deve lançar Jandira Feghali, e o PSOL Chico Alencar.


Leia a íntegra das entrevistas >> www.folha.com.br/080761


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