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Sindicalistas e servidores criticam proposta
DA REPORTAGEM LOCAL
Sindicalistas e representantes
de servidores públicos criticaram ontem a tributação de inativos que recebam acima de R$
1.058, como anunciou ontem à
tarde o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini. A decisão foi resultado da reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e 25 governadores e
dois representantes dos Estados para discutir as reformas.
"Somos contra. Até admitimos a tributação para os que
recebem mais de 20 salários
mínimos, mas isso não dá", declarou João Felício, presidente
da CUT (Central Única dos
Trabalhadores).
Felício, que junto com outras
lideranças sindicais esteve reunido na segunda com Lula para
discutir o tema, disse que pretende procurar o governo na
tentativa de mudar a proposta.
"Fiquei surpreso. Isso nunca
nos foi apresentado. Esse não é
o método adequando de negociação", completou. "Taxar
nesse patamar é taxar alguém
que não tem mais o que dar."
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, concorda. "Somos contra e vamos
discutir no Congresso. O ideal
seria que tivessem falado sobre
isso antes", declarou.
Ele disse que pretende negociar, mas que, se não for bem-sucedido, "aí é mobilização".
Manifestações contra a idéia
também não foram descartadas por Felício.
O diretor da Condsef (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Serviço Público Federal), Pedro Armengol, considerou a medida uma quebra de
contratos. "É a mudança na regra depois de o jogo ter começado", afirmou Armengol.
Segundo ele, foi feito um contrato entre o Estado e os trabalhadores segundo o qual os servidores contribuiriam com um
determinado percentual sobre
o salário bruto e que o valor da
aposentadoria seria igual ao
vencimento na ativa.
Para o representante da
Condsef, a Previdência deve ser
financiada não só pelos trabalhadores mas também pelo Estado e pelo capital. Para Armengol, a proposta de Lula é
produto das "alianças amplas"
que ele fez com setores da política e com o FMI.
Na avaliação do diretor jurídico da Unafisco Nacional
(Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita), Mauro Silva, o
governo deve combater a sonegação fiscal, em vez de se preocupar em "cassar servidores".
Para o presidente da Unafisco-SP, Marcelo Escobar, a cobrança previdenciária dos inativos é inconstitucional mesmo
com mudança na Constituição
Federal. "Entra no campo do
direito adquirido, que é considerado cláusula pétrea [que
não pode ser alterada]", disse.
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