São Paulo, domingo, 17 de abril de 2005

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PAINEL

Inspira cuidados
A despeito das declarações oficiais de apoio, a situação de Romero Jucá é de "compasso de espera", na definição de um colaborador próximo de Lula. Avalia-se que a sucessão de denúncias contra o ministro está "se estendendo além do esperado".

Tempo real
O presidente foi informado de todos os desdobramentos das acusações feitas a Jucá durante a viagem a Roma e à África.

Uni-duni-tê
No Senado, longe de microfones, já são discutidas opções para a Previdência. Mas os nomes peemedebistas postos à mesa, Maguito Vilela (GO) e Garibaldi Alves (RN), sofrem restrições.

Espírito de corpo
Não há nada mais difícil que ouvir de um senador, seja de que partido for, crítica pública à permanência do colega Jucá no ministério diante das denúncias que se avolumam. No máximo, uma ou outra voz isolada arrisca um pedido de explicações.

Jogo do contente
Na tentativa de levar "vida normal", Jucá reúne-se terça em São Paulo com sindicalistas para tratar da MP 242. Ao acertar o encontro, Paulo Pereira da Silva (Força) perguntou-lhe sobre a pressão das denúncias. "Nada, isso está passando", respondeu.

Nem vem
Novo aviso do PMDB ao governo: "Ninguém vai votar redução de auxílio-doença às portas do ano eleitoral". Trata-se de mudança prevista na MP 242. O último recado ignorado pelo Planalto deu na rejeição do nome indicado pela ministra Dilma Rousseff para a ANP.

Mãozinha
Para permanecer no PMDB em vez de migrar para o PP, o senador Valmir Amaral (DF) quer que o partido negocie uma rolagem das dívidas de suas empresas de ônibus em Brasília com a BR Distribuidora.

Ontem...
Candidato ao governo paulista em 2002, José Genoino chamava a verticalização das alianças de "AI-45", em alusão ao número do PSDB. O PT denunciava a medida imposta pelo TSE como manobra para beneficiar José Serra na disputa pelo Planalto.

...e hoje
Presidente do PT, agora no governo, Genoino afirma que a verticalização "fortalece os partidos", e que os petistas votarão "contra o fim do mecanismo".

Contra a corrente
Na contramão da maioria peemedebista, o presidenciável Garotinho promete orientar seu grupo, estimado em cerca de 30 deputados, a votar pela manutenção da verticalização. Com ela, será mais difícil o partido fechar apoio a Lula em 2006.

Tá namorando
O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), com quem o PT tenta costurar aliança, encontra-se com Lula na terça.

Bola de cristal
Previsão de José Dirceu a um aliado: Lula será reeleito em 2006; para o PT como um todo, o quadro não é tão promissor.

Sonho brasileiro
Ex-guru de Ciro Gomes, o filósofo Roberto Mangabeira Unger vai tirar licença da Universidade Harvard, onde leciona, e se mudar para o Brasil em junho. Pretende se dedicar à construção de eventual candidatura à Presidência da República pelo PHS.

Escada
A idéia de chamar Caetano Veloso, que várias vezes manifestou interesse pelas idéias de Mangabeira Unger, para abrir o programa do nanico PHS na quinta-feira obedeceu a uma lógica simples: segurar o telespectador até a entrada do filósofo.

TIROTEIO

Do líder da bancada tucana na Câmara, Alberto Goldman (SP), a respeito da nova campanha publicitária do governo federal, ancorada no slogan "bom exemplo: tudo começa aqui":
-O presidente Lula deveria dar o primeiro exemplo, afastando de sua equipe auxiliares que, como Romero Jucá e Henrique Meirelles, não conseguem responder adequadamente às acusações que lhes são feitas.

CONTRAPONTO

Sessão de descarrego

A atual tensão entre PMDB e governo fez peemedebistas lembrarem de um episódio de 1999, quando a sigla acabara de eleger 28 senadores. Reunida a bancada, Gilvan Borges (AP) comentou com Ney Suassuna (PB):
-Senador, o ambiente aqui está carregado, está sentindo?
Diante da negativa do colega, Borges prosseguiu:
-Tem muito espírito aqui. O Nelson Carneiro e João Calmon morreram, mas estão aqui.
Carneiro morreu em 1996, e Calmon, em janeiro de 1999.
Na semana seguinte, Borges chegou para uma sessão no plenário carregado de plantas. Segurando um ramo, aspergia água nos cantos da sala e dizia algumas palavras em voz baixa.
Cumprido o ritual, ele voltou a procurar Suassuna:
-Está sentindo a diferença, Ney? Botei todo mundo para correr. Agora podemos trabalhar tranqüilos.


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