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CONTAS PÚBLICAS
Segundo levantamento da agência de risco Standard & Poor's, país é o 28º do mundo em gasto público
Brasil é 4º em ranking de pagadores de juros
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A pouco mais de um ano das
eleições, dois itens têm dominado
as discussões sobre a política econômica: taxas de juros e gastos
públicos. Mas, se por um lado
pouca gente discorda que os juros
praticados no Brasil são elevados
-o país ocupa a quarta colocação em ranking mundial sobre
gastos com juros -, a questão
das despesas causa mais divergências.
Governo e oposição têm debatido de forma intensa a necessidade
-ou não- de fazer o setor público gastar menos. Para a oposição, os gastos são exagerados. O
governo rebate dizendo que o total de despesas reflete investimentos feitos em diversas áreas, especialmente na área social.
Um levantamento feito pela
agência de risco Standard &
Poor's mostra que os gastos públicos no Brasil não estão entre os
mais elevados do mundo. Numa
lista que inclui 105 países, as despesas do setor público brasileiro
-União, Estados e municípios-
ficam em 28º lugar. Nas contas da
S&P, esses gastos representavam,
em 2004, 42% do PIB (Produto
Interno Bruto).
Mas os números indicam, ainda, que o governo pode não gastar
tanto quanto outros países, mas
também não gasta da melhor maneira. No topo do ranking estão
países como Suécia e Dinamarca,
que oferecem à população serviços de excelente qualidade.
No Brasil, uma das principais
despesas é o pagamento de juros.
O país é o quarto maior pagador
de juros do mundo em relação ao
PIB, atrás apenas de Jamaica, Líbano e Turquia. Em 2004, de acordo com a S&P, os encargos de todo o setor público brasileiro equivaleram a 8% do PIB.
Superávit
Quanto maiores esses encargos,
maiores as pressões para que o
governo aumente seu superávit
primário (economia do setor público para o pagamento de juros).
E, quanto maior esse superávit,
menos dinheiro sobra para gastos
em áreas como saúde e educação.
Segundo Lisa Schineller, diretora da Standard & Poor's, o nível
de gastos públicos no Brasil é um
dos pontos fracos da economia
brasileira "há muitos anos".
"Houve um crescimento marginal dos gastos no governo Lula.
Mas a preocupação com essa
questão não é um fenômeno
atual, isso já existia com [Fernando Henrique] Cardoso."
Para a analista, mais do que o
volume em si das despesas do governo, é a composição desses gastos que deixa a economia brasileira numa posição vulnerável. Nas
contas da S&P, 85% das despesas
do governo federal nos últimos
três anos se referiram a gastos fixos, como o pagamento de servidores públicos e pensionistas. Assim, diz Schineller, o governo tem
pouca margem para momentos
em que um corte de gastos seja
realmente necessário.
Avaliação parecida é feita pelo
economista-chefe do ABN Amro
Asset Management, Hugo Penteado. "A elevação de gastos de
2004 é preocupante, não tanto pelo tamanho nem pela comparação direta com outros países, mas,
sim, por causa da tendência e
também porque o superávit [primário] ficará ameaçado se a economia passar por uma desaceleração maior do que a prevista."
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