São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 2006

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Mentor, que terá processo votado nesta semana, não se vê como "parte de pizza"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Duas semanas depois da polêmica absolvição do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), o plenário da Câmara deverá votar na próxima quarta-feira o processo de cassação de José Mentor (PT-SP), um dos últimos da fila de julgamentos dos envolvidos no escândalo do mensalão.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Mentor afirmou que "não se vê como parte de nenhuma pizza" e que não teme a repercussão negativa da absolvição de João Paulo.
"Alguém tem que ser [votado] depois do João Paulo, é um processo feito por datas e prazos, essa é a fila", afirmou.
A absolvição do petista João Paulo, ex-presidente da Casa, deu origem a uma série de protestos, cujo estopim foi a renúncia de seis integrantes do Conselho de Ética, que haviam aprovado relatório pela cassação.
O petista conseguiu salvar seu mandato no plenário da Câmara com uma margem folgada de votos (faltaram 48 votos para que fosse cassado).
A votação do processo contra José Mentor, cujo parecer do Conselho de Ética também recomenda a perda do mandato, está marcada para quarta-feira, mas ainda poderá ser adiada caso o petista decida recorrer de última hora da decisão do Conselho na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). O deputado ainda tem prazo até amanhã.
Mentor é acusado de receber, por meio de seu escritório de advocacia, R$ 120 mil do "valerioduto". Ele argumenta que o dinheiro foi utilizado para o pagamento de serviços de consultoria jurídica prestados por seu escritório para Rogério Tolentino, sócio do empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza.
Deputados da oposição afirmaram ontem que, apesar dos protestos pelo clima de pizza, a tendência é que o petista também seja absolvido.
"Há um acordo entre o PT, o PP e o PL. Ninguém mais vai ser cassado", afirmou José Carlos Aleluia (PFL-BA), líder da oposição na Câmara dos Deputados.
Ao longo da crise do mensalão, o plenário da Casa já absolveu oito deputados -os processos de seis deles no Conselho recomendavam a cassação-, e aprovou a cassação de três -Roberto Jefferson (PTB-RJ), José Dirceu (PT-SP) e Pedro Corrêa (PP-PE).
Restam quatro casos para serem julgados no plenário, dois deles ainda sem parecer do Conselho. (SILVIO NAVARRO)


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