São Paulo, terça-feira, 17 de abril de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Quarentena

Lula avisou aos líderes da base aliada que a Infraero está fora da partilha de cargos do segundo escalão. O presidente alega que prepara uma reformulação geral nos quadros da estatal, alvo de denúncias que a oposição pretende expor na CPI do Apagão Aéreo.
Pelo plano anunciado, após o fim da apuração encomendada à CGU o governo dará "perfil técnico" à empresa, colocando "jovens executivos" nos postos comissionados. O ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) disse aos líderes que a idéia é "zerar o jogo". Estes, por sua vez, enxergam aí uma justificativa para não deixar a Infraero nem nas mãos do Turismo, como queria Marta Suplicy, nem na futura pasta dos Portos, que ficará sob comando do PSB.

Pré-apagão 1. O deputado Carlos Wilson (PT-PE), de quem agora o Planalto procura manter distância, já desempenhou muitas tarefas para Lula. O ex-presidente da Infraero, também ex-petebista, foi o portador do convite para que Walfrido dos Mares Guia assumisse o Ministério do Turismo no primeiro mandato.

Pré-apagão 2. Na montagem do segundo governo, antes de a Infraero se tornar uma encrenca de grandes proporções, Wilson figurou na lista de cotados para assumir a coordenação política, dada a freqüência de suas visitas ao palácio. O posto acabou ficando com Mares Guia.

Outro lado. Dilma Rousseff nega ter dado risada diante da sugestão de que os peemedebistas do Rio Moreira Franco e Luiz Paulo Conde ocupassem cargos no setor elétrico. Segundo a ministra, tais indicações jamais foram discutidas na Casa Civil.

Dois em um. Diante da dificuldade de emplacar sua lista telefônica de indicados para cargos no governo, o PMDB resolveu rever os nomes e unificar os pedidos da Câmara e do Senado. Daí resultou uma relação de 24 a 30 pleitos, a ser entregue amanhã no Palácio do Planalto.

Mão na massa. Coube a Roseana Sarney (MA), recém-chegada ao PMDB, a tarefa de coordenar o enxugamento junto com os demais líderes. A aposta é que uma lista única terá mais força de pressão.

Nem pensar. Enquanto tucanos negociam com o PT os termos da CPI do Apagão Aéreo, o DEM (ex-PFL) bate o pé. Procurados por José Múcio (PTB-PE), Onyx Lorenzoni (RS) e José Carlos Aleluia (BA) disseram "não" ao plano de instalar a comissão na Câmara e barrá-la no Senado.

No divã. Tucanos marcaram seminários preparatórios para seu congresso, no fim do do ano. O primeiro será em maio, no Pará, sobre meio ambiente. Os debates sobre reforma política e economia tiveram locais escolhidos a dedo: Minas, de Aécio Neves, e São Paulo, de José Serra.

Holofote. O grupo da "refundação" do PT, capitaneado pelo ministro Tarso Genro (Justiça), tentará mostrar força na quinta-feira, véspera de reunião do Diretório Nacional, ao lançar oficialmente sua tese para o Congresso do partido, marcado para agosto.

Fraterno. Do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que participou de evento sobre prospecção de petróleo e gás no Acre, pomo da discórdia entre seu colega Tião Viana (pró) e a ministra Marina Silva (contra). "Não estou nessa disputa. Sou irmão dos dois."

Grilo falante. O empresário Jorge Gerdau Johanpeter faz a cabeça de Lula contra o acordo para que a Petrobras forneça gás à Companhia Siderúrgica do Ceará, ponto de atrito entre o governo e aliados como Ciro e Cid Gomes.

Tente outra vez. Uma comissão de sindicalistas entregará hoje ao ministro Carlos Lupi (Trabalho) novo plano para aprovar o reconhecimento formal das centrais antes da reforma no setor.

Tiroteio

"Se querem fazer gentileza, façam com seus chapéus. O PMDB não abre mão de indicar o presidente ou o relator da CPI do Apagão Aéreo". Do líder do PMDB na Câmara, HENRIQUE EDUARDO ALVES (RN), sobre a possibilidade, defendida por petistas, de o partido abdicar de ter um dos postos de comando da comissão para facilitar acordo com o PSDB.

Contraponto

Contra o tempo

Em janeiro, dias depois de tomar posse, o governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), recebeu de parlamentares e prefeitos um pedido de audiência. Sabendo que o chefe da comitiva seria o deputado Flávio Dino (PC do B), que durante a campanha se notabilizara por seus atrasos, assessores de Lago frisaram o horário: 9h30.
Na data marcada, o grupo foi recebido. Um tanto esbaforido, Dino olhou para o relógio na parede e brincou:
-Tá vendo, governador? 9h29!
Lago conferiu o relógio na parede e rebateu:
-Desculpe, mas não foi hoje que você conseguiu chegar na hora. Esse aí eu deixo sempre dez minutos adiantado.


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