São Paulo, terça-feira, 17 de abril de 2007

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Polícia Civil de SP apreende 7.200 caça-níqueis no ABC

Máquinas estão avaliadas em até R$ 15 mil cada uma e podem ter sido contrabandeadas

Ao contrário do Rio, onde a PF desbancou um grande núcleo de contravenção, em SP há vários comerciantes na atividade, intimidados


ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil de São Bernardo do Campo (ABC paulista) apreendeu ontem 7.200 máquinas caça-níqueis em um galpão localizado às margens da rodovia Anchieta. Foi uma das maiores apreensões desse tipo de equipamento feita no país.
De acordo com a polícia, as máquinas -novas e usadas- estão avaliadas entre R$ 8.000 e R$ 15 mil cada uma e deveriam ser colocadas em pontos-de-venda de São Paulo nos próximos dias. O galpão pertence à metalúrgica Valkar.
O delegado Marco Antônio de Paula Santos, responsável pela operação, disse que a Valkar não tem responsabilidade sobre as máquinas, pois o galpão foi locado à empresa Golden Coin, verdadeira dona dos equipamentos.
Os proprietários da Golden Coin não foram localizados ontem pela Folha. Desde a manhã de ontem, peritos e policiais tentam descobrir como as máquinas e as peças entraram no país. Segundo o delegado Santos, todo o material pode ter entrado no Brasil por meio de ações de contrabandistas.
Todas as 7.200 máquinas ficarão armazenadas no galpão até que o Poder Judiciário decida o que fazer com elas.
Em outra ação da polícia paulista, PMs apreenderam 340 leitores de cédulas usados por máquinas caça-níqueis. Quatro homens foram presos.
Ao contrário do que acontece no Rio de Janeiro, onde a Polícia Federal prendeu 25 pessoas -entre magistrados, bicheiros, empresários e advogados - na Operação Hurricane, em São Paulo a exploração dos caça-níqueis não está centralizada nas mãos de poucos grupos.
Considerada ilegal pela polícia, a atividade é feita por grupos que, na maioria das vezes, obrigam comerciantes a abrigar as máquinas em seus estabelecimentos por meio da intimidação. Se o comerciante não aceita as máquinas, pessoas que se apresentam como policiais (civis e militares) passam a fazer ameaças e a dizer que o local será fechado, mesmo que não tenha irregularidades.
Todas as máquinas têm selos de identificação e, em alguns casos, até mesmo o número do telefone de quem a colocou no comércio. Comerciantes ouvidos pela Folha disseram ontem que alguns grupos contam até com uma "hot line", ou seja, caso alguém tente roubá-las, eles têm os telefones de policiais que os "socorrem".
A Secretaria da Segurança Pública de SP informou que nenhum PM foi denunciado por explorar caça-níqueis até hoje e que a Corregedoria da Polícia Civil fará um levantamento sobre o caso. Questionado por escrito pela reportagem, o secretário Ronaldo Marzagão não respondeu qual deve ser a atitude de um policial ao se deparar com um comércio que explora o caça-níquel.
Em dezembro foi aprovada na Assembléia lei que proibiu a instalação, uso e depósito de máquinas caça-níqueis em bares e restaurantes do Estado. No fim de março, o governador José Serra (PSDB) enviou o texto à Procuradoria Geral do Estado para uma análise sobre sua constitucionalidade.


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