São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Temos que pegar

A oposição no Senado vai fechando o cerco a Dilma Rousseff. Para evitar a votação, hoje, de recurso do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), anulando a convocação da ministra para falar sobre o dossiê de gastos de FHC, o presidente da Comissão de Infra-Estrutura, Marconi Perillo (PSDB-GO), cogitava ontem nem realizar a sessão e remeter o assunto diretamente à Comissão de Constituição e Justiça.
Ali, a oposição conta com os votos de Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Pedro Simon (PMDB-RS) e Jefferson Péres (PDT-AM) para manter o depoimento de Dilma. Caso o governo insista em blindá-la, a idéia é esticar a corda dificultando a aprovação de Bernardo Figueiredo, assessor da ministra, para chefiar a Agência Nacional de Transportes Terrestres.



Complicador. Pré-dossiê, a oposição se inclinava a referendar Bernardo Figueiredo. Após indisposição inicial, provocada pelas queixas do senador Eliseu Resende (DEM-MG), cujo filho ocupa a diretoria-geral da ANTT, tucanos e "demos" amaciaram diante de pedidos de empresários influentes, todos intercedendo a favor do pupilo de Dilma.

Antecedente. Os governistas seguirão tentando de tudo para melar o depoimento de Dilma. "Depois daquela entrevista, seria um risco repetir o estilo "prende e arrebenta" no Congresso", diz um aliado.

No passaran! A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), era ontem a mais propensa a melar todo e qualquer acordo com a oposição na CPI mista dos Cartões, depois da tática de guerrilha demo-tucana para convocar Dilma na Comissão de Infra-Estrutura. Coube aos bombeiros da Casa acalmar a catarinense.

Dono da bola. O relator da CPI, Luiz Sérgio (PT-RJ), procurou os colegas petistas no Senado para dizer que não aceitará sub-relatores indicados pela presidente da comissão, Marisa Serrano (PSDB-MS), para assessorá-lo na elaboração do parecer final.

Pescoção. Do governador Cássio Cunha Lima para o correligionário José Serra, que em telefonema ontem lhe perguntou sobre as enchentes na Paraíba: "Aqui, girafa está bebendo água em pé".

Vitrine. Em meio à cizânia petista a propósito do acordo com o PSDB em Belo Horizonte, o ministro mineiro Patrus Ananias, contrário ao candidato escolhido pelo prefeito Fernando Pimentel, viajou para Viena, onde apresenta hoje os programas de sua pasta, Bolsa Família à frente.

Sintonia. Em projeto de lei enviado à Câmara, Gilberto Kassab (DEM) reduziu de R$ 1 bilhão para R$ 700 milhões a meta de superávit primário de São Paulo neste ano eleitoral. Tudo para liberar recursos para as contrapartidas municipais aos investimentos do PAC de Lula na cidade.

Espelho meu 1. Marta Suplicy é o "case" em que o DEM mira ao investir na avaliação de Kassab. O partido do prefeito lembra que a petista não se reelegeu em 2004, mas viu a nota de seu governo subir da faixa de 25% de aprovação para os 48% que têm hoje.

Espelho meu 2. Ainda que não se reeleja, a gestão aprovada seria um capital futuro para Kassab, diz o DEM.

Extra. Márcio Fortes (Cidades), o ministro mais assediado durante a marcha que tomou Brasília, graças às obras do PAC, marcou sete audiências seguidas para a noite de ontem, nas quais receberia nada menos de 50 prefeitos.

Linha dura. O presidente da CNM (Confederação Nacional de Municípios), Paulo Ziulkoski, advertiu os prefeitos de que não daria certificado a quem não tivesse assinado as listas de presença na marcha a Brasília. Ele reclamou que os prefeitos chegavam e, em vez de participar do evento, se mandavam para os gabinetes mais importantes.

Tiroteio

Estamos diante não mais da casa da sogra, mas de um verdadeiro governo da sogra.

Do deputado estadual HEITOR FÉRRER (PDT-CE), autor do pedido de informações que revelou o fretamento de um jato para levar o governador Cid Gomes (PSB-CE), sua mulher, a sogra, dois secretários e as respectivas mulheres em viagem de dez dias à Europa em fevereiro.

Contraponto

Tiete por um dia

Antes de viajar a Lima, onde participa desde ontem do 5º Encontro das Organizações da Sociedade Civil da União Européia, América Latina e Caribe, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio, explicou a amigos o caráter do evento na capital peruana, promovido pelo Conselho Econômico e Social da União Européia.
Destacou a presença de personalidades como o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, o ex-vice Al Gore e o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger.
-Contei isso ao presidente Lula, e ele me perguntou de que assuntos eu iria tratar-, disse Múcio.
O próprio ministro tratou de completar:
-Eu disse a ele: presidente, vou pedir autógrafos!


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