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Sem-terra invadem prédios públicos e miram área urbana
Dia mais turbulento do "abril vermelho" tem ações em 15 Estados e no DF
Reivindicações são mais
assentamentos de famílias e
investimentos na produção
agrícola; ministro negocia
com invasores em Brasília
Ricardo Bastos/Futura Press
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SECRETARIA DA JUSTIÇA EM SÃO PAULO
Manifestantes que representam famílias assentadas em hortos
DA AGÊNCIA FOLHA
Na véspera do 12º aniversário do massacre de Eldorado do
Carajás (PA), trabalhadores rurais, liderados pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), promoveram
ontem o dia mais turbulento do
chamado "abril vermelho",
com ações focadas em áreas urbanas e órgãos públicos.
Além dos tradicionais bloqueios de estradas e invasões a
fazendas, os sem-terra entraram em secretarias estaduais e
agências da Caixa Econômica
Federal e do Banco do Brasil.
Segundo líderes do MST, a
movimentação de hoje deve ser
ainda mais intensa. "E os próximos dias também, dependendo
de como as negociações com o
governo vão evoluir", disse José Batista de Oliveira, da coordenação nacional do MST.
As principais reivindicações
são as conhecidas: mais assentamentos de famílias e investimentos na produção agrícola.
"Nossa pauta já está amarelada", disse Oliveira, para quem a
insistência se deve à demora na
resolução das exigências.
Ontem, foram ao menos 53
atos em 15 Estados e no Distrito Federal, sem registro de conflitos. Desde o início do "abril
vermelho", foram feitas outras
47 ações.
No Rio, manifestantes interromperam, por pouco mais de
uma hora, o trânsito nas duas
pistas da rodovia Presidente
Dutra, no quilômetro 242.
Segundo a direção do MST
no Rio, de 200 a 300 famílias
participaram da manifestação.
Além do fechamento da Dutra,
foram ocupadas uma agência
da Caixa Econômica Federal
em Campos (RJ) e outra em
Volta Redonda (RJ).
No Pontal do Paranapanema
(oeste de SP), cerca de 200 integrantes do MST bloquearam
a entrada de três agências do
Banco do Brasil em Teodoro
Sampaio, Euclides da Cunha
Paulista e Rosana.
Bancos de 14 cidades do Paraná também foram alvo dos
sem-terra, que exigiam a criação de um novo crédito agrícola
que dê infra-estrutura a assentamentos. Outras agências em
cinco cidades de Santa Catarina e em seis municípios do Espírito Santo foram palco de manifestação.
Em Bauru (350 km de SP), o
MST invadiu o prédio da Conab
(Companhia Nacional de Abastecimento). Segundo o membro da direção estadual do movimento, Lourival Plácido de
Paula, os sem-terra cobram a
entrega de cestas básicas atrasadas aos acampados.
Na capital paulista, sem-terra entraram na Secretaria da
Justiça, pedindo a "federalização dos hortos florestais", segundo nota do MST.
No Rio Grande do Sul, outra
secretaria estadual, a da Agricultura, foi invadida. A desocupação aconteceu só após o chefe da Casa Civil gaúcha aceitar
recebê-los. Outros manifestantes ainda estavam no pátio da
sede do Ministério da Fazenda,
em Porto Alegre, até a conclusão desta edição.
Em Goiás, houve obstrução
das BRs 153 (em Porongatu) e
060 (Varjão). Em Bom Jardim
de Goiás, sem-terra entraram
em uma agência do Banco do
Brasil. O MST também afirma
que 200 famílias ocuparam ontem fazenda em Crixás.
Em Sergipe, aconteceram invasões a fazendas de três municípios e a uma agência do Banco
do Nordeste, em Carira.
Houve um bloqueio também
na entrada do porto de Maceió
(AL). O embarque e desembarque de carga em quatro navios
ancorados no local foi suspenso. Até o início da noite, o bloqueio continuava.
No Pará, um grupo de cem
agricultores do MST fez uma
caminhada na região central da
capital Belém.
Houve também ações em Imperatriz do Maranhão (MA),
Natal (RN), Cáceres (MT), Itaquiraí (MS).
Em Brasília, integrantes do
MST e do MATR (Movimento
de Apoio ao Trabalhador Rural) invadiram ontem, por mais
de oito horas, a sede da CEF
(Caixa Econômica Federal). O
grupo reivindicava o cumprimento de projetos ligados à habitação em assentamentos rurais e pediam uma audiência
com o ministro Márcio Fortes
(Cidades). Reclamava do descumprimento de acordo feito
ano passado, de que 30 mil casas seriam construídas, além da
burocracia para se receber o
crédito, que é intermediado por
associações e cooperativas. O
MST alega que pouco mais de
6.000 casas foram construídas.
A invasão, pacífica, teve a
participação de cerca de 300
pessoas, segundo a Polícia Militar do DF (o MST estimou em
mil o número de manifestantes). No início da tarde, o prédio
foi desocupado após o ministro
Márcio Fortes e a presidente da
Caixa, Maria Fernanda Coelho,
assegurarem que a negociação
iria ocorrer -eles foram pessoalmente ao prédio dar o aviso. O MST disse ter ficado satisfeito com o que ouviu.
Colaboraram a Sucursal do Rio e
a Sucursal de Brasília
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