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Contra reitor, alunos recorrem a "Tropa de Elite" em ato na Unifesp
Observados pela polícia, estudantes pedem saída de Fagundes "de camburão"
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Bordões do filme "Tropa de
Elite", versos de Chico Buarque
e gritos de guerra das torcidas
organizadas. Foi com essa mistura inusitada que cerca de 200
acadêmicos e lideranças estudantis pediram ontem a saída
do cargo, "de camburão", do
reitor da Unifesp, Ulysses Fagundes Neto.
O protesto, acompanhado
por pelo menos 20 policiais militares e 12 seguranças particulares, ocorreu das 16h às 18h em
frente ao prédio da reitoria do
campus central da Unifesp, na
zona sul da capital paulista.
No final, houve um princípio
de tumulto entre os manifestantes e alunos do curso de medicina, contrários ao que chamaram de "baderna".
"Ulysses fanfarrão, pede para
sair de camburão", gritavam os
estudantes. "Fanfarrão" e "pede para sair" são bordões do
personagem Capitão Nascimento no filme de José Padilha. Um grupo de moças, com
megafone à mão, tropeçava na
letra de "Apesar de Você" (Chico Buarque), um dos hinos informais da luta contra a ditadura militar, enquanto os rapazes
diziam: "O Timothy já foi, Ulysses vai depois".
"As justificativas do reitor
não se sustentam. Um funcionário público deve se pautar
pela ética. O que ele disse não
explicava nada. Foi um gasto
inapropriado", disse o líder
Tiago Cherbo, 23, coordenador-geral do DCE (Diretório
Central dos Estudantes) e aluno do curso de ciências biomédicas da universidade.
Segundo ele, os estudantes
cogitavam invadir a reitoria para forçar a saída de Fagundes
Neto. Mas, em assembléia ontem à noite, a proposta de ocupação perdeu por 217 votos a
120. Novos protestos devem
ocorrer entre hoje e amanhã.
Conflito
Por volta das 17h, um aluno
do curso de medicina procurou
os policiais posicionados na
rua, em frente ao prédio central
para pedir silêncio.
Enquanto isso, manifestantes e representantes da Atlética, a associação esportiva dos
alunos, trocavam empurrões
em frente à reitoria, perto de
um hospital que faz parte do
complexo da Unifesp.
"Essa forma de protestar
atrapalha os doentes. Ulysses
precisa se explicar, mas é inegável que ele trouxe melhorias
para a universidade", disse Carlos Henrique Lemos, 25, residente de medicina.
Gabriela Vieira, 23, de enfermagem, contestava Lemos:
"Quando eles [de medicina] fazem festas com muito álcool e
música alta, ninguém se lembra
dos doentes dentro do hospital.
É hipocrisia".
Os manifestantes não deixaram Lemos discursar. Em meio
às vaias, berravam: "Playboy, filhinho-de-papai, dono de pitbull". Aceitaram, porém, o pedido para acabar com o barulho
-encostaram o megafone e pararam de malhar o bumbo. A
chuva que chegou com a noite
se encarregou de esfriar os ânimos dos estudantes.
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