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SENADO EM CRISE
Baiano ainda tenta adiar ao máximo decisão sobre seu caso
"Saio e deixo o Júnior aqui", diz ACM ao cogitar renúncia
FERNANDO RODRIGUES
DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Embora negue publicamente, o
senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) está preparado
para renunciar na semana que
vem ou a qualquer momento. A
saída só não foi adotada ainda
porque o baiano acredita ter alguma chance de, pelo menos, postergar ao máximo a decisão do
Conselho de Ética sobre seu caso.
Entre os carlistas, é quase unânime que está praticamente impossível salvar ACM da cassação.
Quando o cenário ficasse inevitável, ACM renunciaria. O primeiro
suplente é seu filho Antonio Carlos Magalhães Júnior, conhecido
na Bahia apenas como Júnior.
"Saio e deixo o Júnior aqui. Seria a mesma coisa que se eu estivesse ocupando a vaga", disse
mais de uma vez ACM a interlocutores, segundo a Folha apurou.
No momento, é remota uma hipótese já analisada por ACM e conhecida como renúncia tríplice.
Renunciariam ele, Júnior e o terceiro suplente. Assim, seria preciso convocar nova eleição, pois haveria uma vaga aberta no Senado
por mais de 15 meses.
Na saída tríplice, ACM se candidataria ao posto ao qual acabara
de renunciar. A eleição seria convocada em 60 ou 90 dias. O baiano
contaria com sua eleição e retorno
ao Senado antes do fim do ano.
Após consultar assessores próximos, ACM concluiu que a estratégia é muito arriscada. Nos 90
dias até a eleição, poderia haver
uma grande campanha na Bahia
para impedir sua volta ao Senado.
E, mesmo que fosse eleito, ficaria
reforçada a pecha de que não respeita decisões democráticas.
Por isso, até ontem, a hipótese
mais considerada por ACM era
mesmo renunciar e deixar seu filho Júnior com a cadeira. Em
2002, poderia decidir se tentaria o
Senado novamente ou o governo
da Bahia -sendo este último cargo o seu destino mais provável.
Ao conhecer o conteúdo do relatório do senador Saturnino Braga (PSB-RJ) sobre a violação do
painel, ACM criticou o documento e não poupou o relator.
Com seus advogados, Thomaz
Bastos e Vicente Cernicchiaro,
ACM decidiu, após a reunião do
Conselho de Ética, que Paulo Souto e Waldeck Ornélas (ambos do
PFL-BA) apresentarão um voto
em separado (relatório paralelo).
Cerca de dez deputados -do
PFL e baianos de outros partidos- foram ao gabinete de
ACM, onde ele assistiu à leitura
do relatório pelo circuito de TV.
"O relatório é uma aberração jurídica e uma peça política fraca",
disse ACM. "Não temo linchamento político porque tenho um
lugar, chamado Bahia, que me dá
forças. Eu tenho votos. Talvez por
isso eu esteja sofrendo [esse processo"", acrescentou.
ACM disse ainda que seu crime
"talvez tenha sido o de ter acusado ladrão demais".
Quanto ao relator, disse: "Foi
faccioso e estudou pouco a matéria. É um homem direito, mas teve o dia de maior infelicidade da
vida política dele. Mais do que na
Prefeitura do Rio". Quando prefeito do Rio de Janeiro, Saturnino
declarou a falência do município.
Para ACM, as falhas no parecer
vão favorecer sua defesa. "Não
acredito no processo de cassação.
Não há motivo para cassação. Esse relatório vai se desfazer. Além
de ilegal, é um absurdo", disse.
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