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SENADO EM CRISE
Policiais ocuparam campus de universidade para impedir protesto em frente ao apartamento do senador
Polícia baiana reprime ato contra ACM
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Trezentos policiais da Tropa de
Choque da Polícia Militar ocuparam ontem o campus do Vale do
Canela da UFBa (Universidade
Federal da Bahia), em Salvador,
para impedir que cerca de 5.000
estudantes, políticos e sindicalistas fizessem uma manifestação
em frente ao apartamento do senador Antonio Carlos Magalhães
(PFL), na Graça (centro).
Os manifestantes saíram às ruas
para pedir as cassações dos senadores Antonio Carlos Magalhães,
José Roberto Arruda (sem partido) e Jader Barbalho (PMDB-PA)
e a instalação da CPI da corrupção. Eles faziam uma passeata do
Campo Grande à reitoria da UFBa, num percurso de 400 metros,
de onde seguiriam para a frente
do prédio de ACM, localizado ao
lado do campus.
Para dispersar os manifestantes,
a PM utilizou bombas de gás lacrimogêneo, cassetetes, balas de
borracha, cavalos e cães da raça
rotweiller.
Pelo menos 30 estudantes ficaram feridos. Outros quatro foram
presos na operação. Nenhum PM
ficou ferido no confronto.
Repressão
Às 10h, pelo menos 150 soldados
já cercavam o Vale do Canela
(centro de Salvador), onde está localizado o campus da UFBa.
Com faixas, bandeiras e cartazes, os estudantes resolveram seguir até o prédio onde mora o senador pefelista baiano depois que
a deputada estadual Alice Portugal (PC do B) anunciou que o relatório do senador Saturnino Braga
(PSB-RJ) pedia a abertura de processo de cassação contra ACM e
Arruda, acusados de participarem da violação do painel de votação do Senado.
Para driblar a barreira da Polícia
Militar, os estudantes se dividiram em grupos e entraram no
campus da universidade.
"Nós decidimos que cada grupo
tentaria chegar até o prédio do senador utilizando um acesso diferente", disse Wesley Moreira, 29,
diretor da UNE (União Nacional
dos Estudantes).
Ao perceber a ação dos manifestantes, a PM reagiu e entrou no
campus, atirando bombas de gás
lacrimogêneo. Os manifestantes
revidaram e atiraram nos policiais pedras e pedaços de pau.
Habeas Corpus
No início da tarde, o juiz Márcio
Mafra, da 2ª Vara Federal da Bahia, concedeu um habeas corpus
ao Ministério Público Federal solicitando a desocupação por parte
da PM das cinco unidades invadidas -administração, direito, medicina, educação e instituto de
ciências e saúde.
A ordem judicial não foi cumprida pela PM. O coronel Walter
Leite disse que só aceitaria o pedido original do habeas corpus -o
requerimento entregue à PM era
uma cópia.
O procurador Robério Nunes
disse que o Ministério Público vai
acionar a PM por danos morais e
físicos causados à UFBa.
Os feridos no confronto de ontem foram levados para o Hospital Geral do Estado e a Clínica de
Ortopedia e Traumatologia. Entre
os feridos estava o vereador Celso
Cotrim (PT), de Salvador.
Onda de protestos
A manifestação de ontem foi a
terceira promovida pelos estudantes nos últimos dez dias para
pedir a cassação do senador Antonio Carlos Magalhães.
Na semana passada, a PM também usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes e 25 pessoas saíram feridas (incluindo seis policiais). Naquela ocasião, o tumulto começou após uma áspera discussão
entre o comando da Polícia Militar e os líderes da manifestação.
Anteontem, 3.000 manifestantes voltaram às ruas para pedir as
cassações de ACM, José Roberto
Arruda e Jader Barbalho.
A PM apenas acompanhou a
passeata, do centro ao Pelourinho, e não houve conflito.
No início da noite de ontem, o
Conselho Universitário da UFBa
divulgou uma nota informando
que a instituição defende o direito
de "livre manifestação dos seus
alunos".
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