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JANIO DE FREITAS
Os apagados
O aumento do custo para o
consumidor, como querem
o governo e parte da mídia, é a
solução da prepotência e do discricionarismo social, logo, a solução tipicamente de direita:
punir quem se torna punível,
não por ter culpa, mas por ser a
parte sem força de reação.
A responsabilidade pela crise
da energia está toda localizada
no governo e personificada em
Fernando Henrique Cardoso e
Pedro Malan, impedidores dos
investimentos já há seis anos vetados pelo FMI. A população já
pagará o desastre com os transtornos menores e os dramas e
tragédias que jamais faltam nas
situações críticas do fornecimento de eletricidade.
Os setores urbanos onde o
consumo é mais elevado não
são os bairros residenciais, muito menos os populares. Mas,
com a "solução" de aumentar as
o preço da eletricidade, o consumidor desses bairros será punido duplamente. No custo maior
do seu gasto domiciliar e no aumento de preços em geral pela
indústria e pelo comércio, para
repassar os ônus das tarifas encarecidas e da queda de produção e vendas decorrente da falta
de energia.
Enquanto o governo e seus
serviçais técnicos aproveitam
para dar mais uma tacada anti-social, encobrindo o crime de
antigoverno que está por trás
das causas imediatas da crise de
energia, fora daquela selva surgem propostas inteligentes que,
entanto, não entram nas cogitações governamentais. Há sugestões de seletividade do racionamento muito interessantes. A
proposta do deputado Aloizio
Mercadante é muito criativa e
parece ser um grande achado:
em vez de cortar o consumo de
energia aos bocadinhos a cada
dia, haveria feriados segundo as
peculiaridades do consumo regional - por exemplo, um por
semana, ou um cada 10, 15 dias.
Planejada com alguma inteligência e honestidade de propósito, a proposta tende a ser a menos traumática em todos os sentidos.
Ah, mas você acha que a necessidade de alguma inteligência e honestidade de propósito,
por parte do governo, é que passa a ser o problema, porque o
governo é mental e moralmente
muito apagado? É, tem razão.
Pior ainda: não há criatividade
que dê jeito nesse problema, só
mesmo algum modo de reação.
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