São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2001

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ALIADOS EM CRISE

Ex-ministro pede que empresa da qual foi acionista seja investigada; requerimento não será mudado

Bezerra assina pedido de CPI e vai para PTB

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Fernando Bezerra (sem partido-RN), ex-ministro da Integração Nacional, assinou ontem o requerimento da oposição que propõe a criação da CPI da corrupção no Senado e anunciou sua filiação ao PTB.
O líder da oposição, José Eduardo Dutra (PT-SE), afirmou que já tem 22 assinaturas e hoje deve obter mais quatro (as dos três senadores do PPS e mais uma que ele prefere não revelar). Com isso, ficaria faltando apenas mais uma assinatura para criar a CPI.
""O governo tem motivos para se preocupar. Qualquer emenda não liberada ou insatisfação da base governista pode resultar em uma assinatura", disse Dutra.
Em troca do seu apoio à CPI, Bezerra pediu a inclusão das denúncias contra a Metasa entre os fatos a serem investigados.
Empresa da área de mineração da qual Bezerra foi acionista por nove anos, a Metasa recebeu recursos da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) para um projeto na área de mineração que acabou não sendo implantado. ""Vou assinar o requerimento da CPI para que não paire a mínima dúvida quanto à minha honorabilidade", afirmou Bezerra no seu primeiro discurso de volta ao Senado.
O requerimento da CPI não será mudado para atender Bezerra. Dutra disse que o caso poderá ser incluído após sua instalação, por meio de um aditamento.
O ex-ministro pediu ao presidente Fernando Henrique Cardoso exoneração por causa da divulgação da acusação. Ele levou documentos a FHC para tentar comprovar sua inocência, mas acha que não teve o apoio necessário para permanecer no governo.
""A Metasa foi um mau negócio, não um caso de corrupção", disse ontem no discurso.
Ele disse que FHC tem tomado as medidas necessárias para combater os focos de corrupção na equipe, mas fez críticas ao governo e a políticos. ""O povo nordestino, em especial o do Rio Grande do Norte, está cansado da demagogia, da politicagem mesquinha e dos desmandos de políticos que, na verdade, nada fazem para combater o atraso, o subdesenvolvimento, a fome e o analfabetismo. Sua sobrevivência eleitoral depende dos bolsões da miséria."
Ao deixar o ministério, Bezerra anunciou seu afastamento do PMDB. Ele não tinha apoio do partido para ser candidato a governador nas próximas eleições.



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