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MÁFIA DOS SANGUESSUGAS
Delegado levou relação com cerca de 30 nomes à Câmara
Computador lista deputados que recebiam propina, diz PF
Lula Marques/Folha Imagem
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Tardelli Boaventura, delegado responsável pela Sanguessuga |
RANIER BRAGON
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Perícia da Polícia Federal apresentada ontem à Corregedoria da
Câmara dos Deputados aponta
registros, na contabilidade da empresa Planam, de pagamentos entre R$ 5.000 e R$ 50 mil feitos desde 2001 a 13 deputados federais,
além de ex-deputados e outros
políticos. A empresa é apontada
como a cabeça do esquema de
desvio de recursos do Orçamento
da União para aquisição de ambulâncias superfaturadas.
Até agora, os nomes de parlamentares supostamente envolvidos no esquema haviam surgido
com base em escutas e investigação da PF, a chamada "Operação
Sanguessuga", que listou 63 suspeitos, e no depoimento da funcionária do Ministério da Saúde
Maria da Penha Lino, apontada
como braço da quadrilha no Executivo, que citou 81 envolvidos.
A lista de ontem tem como base
perícia feita nos 41 computadores
da Planam e foi debatida durante
depoimento do delegado Tardelli
Boaventura, responsável pela investigação na PF, à comissão de
sindicância da Corregedoria da
Câmara.
Contabilidade
De acordo com pessoas que tiveram acesso à lista -o depoimento de Tardelli foi fechado, já
que a sindicância da Câmara corre em sigilo-, há vários nomes
de parlamentares em uma coluna
do livro-caixa da empresa denominada "contas a pagar".
Entre eles estariam o do ex-presidente do PTB e ex-deputado José Carlos Martinez, morto em acidente aéreo em 2003, o do ex-senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), e os dos deputados Nilton
Capixaba (PTB-RO), 2º Secretário
da Câmara, Pedro Henry (MT),
ex-líder da bancada do PP, Paulo
Baltazar (RJ), ex-líder do PSB, Iris
Simões (PTB-PR) e Teté Bezerra
(PMDB-MT).
"Realmente os dados são extremamente importantes e nos criaram uma profunda angústia, mas
devem ser analisados com muita
cautela, com muito cuidado, para
que possamos proferir um relatório justo, correto, dando uma resposta à altura à sociedade brasileira", afirmou o relator da sindicância, deputado Robson Tuma
(PFL-SP). O deputado não quis
confirmar os nomes da nova lista.
A comissão de sindicância da
Câmara investiga atualmente 16
deputados federais sob suspeita
de envolvimento no esquema. O
escândalo dos "sanguessugas"
veio à tona depois que a PF realizou dezenas de prisões de empresários e assessores parlamentares
acusados de envolvimento na
fraude. Em linhas gerais, a suspeita é que a Planam, em conluio
com parlamentares, assessores
destes e prefeitos, venderia ambulâncias superfaturadas a prefeituras, que usariam, para isso, recursos alocados no Orçamento da
União por meio de emendas feitas
por deputados e senadores.
Entre os 16 investigados pela
Corregedoria não estão Capixaba,
Henry, Simões nem Teté. O primeiro, que teve um assessor preso
na operação da PF, teve o seu caso
suspenso para aguardar investigação administrativa feita pela
Câmara contra o assessor. O segundo teve o seu caso arquivado
pela Mesa da Câmara por falta de
indícios contra ele. O terceiro e o
quarto não eram citados nas três
listas anteriores.
Nos registros da Planam há ainda uma lista com o acompanhamento das emendas apresentadas
por deputados e senadores ao Orçamento para compra de ambulâncias.
Nas planilhas da Planam, os dados registrados eram minuciosos.
Incluíam o município ao qual se
destinava a emenda, o valor aprovado, o nome do deputado responsável pela apresentação e até a
senha secreta de acompanhamento do projeto, que é fornecida
ao município pelo Ministério da
Saúde.
Segundo os relatos, a senadora
Serys Slhessarenko (PT-MT) tinha o desenrolar burocrático de
suas emendas acompanhadas
passo a passo pela Planam.
Há uma enorme pressão na Câmara contra o vazamento à imprensa de nomes de deputados
suspeitos de integrar o esquema,
até porque contra alguns não há
nada consistente.
Um dos que subiram à tribuna
ontem para se dizer indignado foi
o vice-presidente da Casa, José
Thomaz Nonô (PFL-AL), apontado pela funcionária do Ministério
da Saúde como integrante do esquema. "Nada devo, nada temo",
disse Nonô, afirmando que irá
processar os responsáveis pelo
"enxovalhamento" do seu nome.
Hoje, a comissão de sindicância
da Câmara ouve em Brasília, na
superintendência da PF, os empresários da Planam e os assessores parlamentares presos.
Colaborou ANDRÉA MICHAEL,
da Sucursal de Brasília
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