|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF indicia vazador por violação de sigilo
José Aparecido teria quebrado sigilo funcional ao divulgar dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
Ex-secretário da Casa Civil foi enquadrado no artigo 325 do Código Penal, que prevê como pena reclusão de 2 a 6 anos, além de multa
Ricardo Marques/Folha Imagem
|
|
José Aparecido Nunes Pires, ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil, deixa a Polícia Federal em Brasília, onde depôs ontem
LUCAS FERRAZ
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal indiciou
ontem José Aparecido Nunes
Pires, ex-secretário de Controle Interno da Casa Civil, por
violação de sigilo funcional. Ele
foi o responsável por vazar o
dossiê com gastos sigilosos do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a André Fernandes, assessor do senador tucano Álvaro Dias (PR).
José Aparecido, que deixou o
cargo na Casa Civil nesta semana, é o primeiro indiciado por
participar do caso dossiê. Ele
foi enquadrado no artigo 325
do Código Penal, que prevê pena de reclusão de dois a seis
anos, além de multa.
Para indiciá-lo, o delegado
Sérgio Menezes, responsável
pela investigação, baseou-se na
lei 10.180, de 2001, que disciplina os sistemas de planejamento e orçamento federal, administração financeira, contabilidade e controle interno, cargo
que o servidor exercia.
O parágrafo 3º do artigo 26
da lei diz que o "servidor deverá
guardar sigilo sobre dados e informações pertinentes aos assuntos a que tiver acesso em
decorrência" de sua atividade
profissional, "sob pena de responsabilidade administrativa,
civil e penal".
O ex-ministro Antonio Palocci (PT-SP), o ex-presidente
da Caixa Econômica Federal
Jorge Mattoso e o jornalista
Marcelo Netto, em 2006, também foram indiciados pelo
mesmo crime no caso do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Em fevereiro deste ano, o
procurador-geral da República,
Antonio Fernando Souza, apresentou denúncia contra os três
por quebra de sigilo bancário.
Ontem, por meio da assessoria da PF, Sérgio Menezes disse
que o indiciamento do ex-servidor da Casa Civil independe da
classificação das informações
contidas no dossiê, se eram ou
não sigilosas. O GSI (Gabinete
de Segurança Institucional) enviou parecer ao delegado argumentando que os dados no dossiê não eram sigilosos.
Depois de ter habeas corpus
negado pelo STF (Supremo
Tribunal Federal) para ter o direito de ficar calado no depoimento que fará na próxima semana à CPI dos Cartões, José
Aparecido chegou à Superintendência da PF às 10h10. Estava acompanhado de dois advogados. Foram quase três horas
de depoimento.
Na saída, às 15h35, um pequeno tumulto foi causado por
fotógrafos e cinegrafistas, que
cercaram José Aparecido contra a parede -pessoas que o
acompanhavam tentaram tampar seu rosto contra as lentes. O
único a falar foi Luís Maximiliano Telesca, um dos advogados dele. "Foi bom. O depoimento foi muito bom", disse,
mesmo sabendo que seu cliente saiu da PF indiciado.
CPI
A presidente da CPI dos Cartões, Marisa Serrano (PSDB-MS), sequer quis abrir o envelope com as cópias dos depoimentos de André Fernandes e
José Aparecido levado pelo delegado Sérgio Menezes. Ela encaminhou tudo diretamente
para o cofre da CPI.
"Vão ficar guardados até terça-feira, quando serão lidos em
reunião reservada", disse. Como o inquérito tramita em segredo de Justiça, o vazamento
pode levar os parlamentares a
responderem a processo por
quebra de decoro. "Quem vazar
vai parar no Conselho de Ética", disse Marisa.
Fernandes e José Aparecido
deverão ser ouvidos pela CPI
na terça. Se houver contradição, poderá ocorrer uma acareação. André pedirá que parte
de seu depoimento seja secreto. Ele pretende contar o que
Aparecido disse sobre Erenice.
Texto Anterior: Campo minado: Área onde 12 morreram volta a ser invadida Próximo Texto: "A verdade me liberta", diz assessora de Dilma Índice
|